Trump iniciou uma "guerra dos factos". Quem ganha?
Ao primeiro dia, Donald Trump assume a "guerra aberta" com os órgãos de comunicação. Numa visita à CIA, não hesita em chamá-los "desonestos". Os ecos ouvem-se na Casa Branca.
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No primeiro encontro, o responsável para a imprensa dá conta que a tomada de posse de Trump foi a mais concorrida de sempre. Sean Spicer tinha já sido confrontado com imagens de 2009, quando Barack Obama assumiu o poder. Manipulação, respondeu.
Kellyanne Conway, que geriu a campanha republicana, classifica, na NBC, os argumentos de Spicer de "factos alternativos". Junta-se o chefe de pessoal da Casa Branca, Reince Priebus, porque os media só querem "deslegitimar" Trump.
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E a verdade, onde fica? Para Vítor Gonçalves, correspondente da RTP em Washington entre 2007 e 2011, "Trump está a disputar a verdade dos factos". Se com a administração Obama, o "acesso, dos jornalistas, à informação foi limitado" – com o Presidente a privilegiar programas de entretenimento –, Trump traz "um mundo novo".
A disputa jornalistas-Casa Branca não é nova "mas este tipo de animosidade não tem precedentes nos Estados Unidos", posiciona Marta Dhanis. A jornalista portuguesa a trabalhar na Fox News recorda que Trump soube tirar partido da "extensa cobertura" mediática. "A esperança era de que este comportamento hostil mudasse" na presidência, conta. Até porque o homem escolhido para lidar com a imprensa, Sean Spicer, tem uma "extensa carreira, é conhecido e muito respeitado pelos jornalistas norte-americanos". "O papel dos media está, sem dúvida, ameaçado" pela "tirania da administração Trump", diz a também correspondente da TVI.
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Nesta "guerra de factos" ficam Trump e a sua equipa a ganhar ou a perder? Tudo depende da visão. Como diz o The Globe and Mail: se o novo Presidente fica em xeque por mentir em assuntos mínimos como a dimensão de uma multidão, o que esconderá em questões de terrorismo ou relações diplomáticas?
Por outro lado, ao questionar a credibilidade dos media enquanto poder instituído, como na campanha, Trump pode reforçar a sua posição junto da classe apoiante – como referem o jornal online Vox e o jornalista Vítor Gonçalves.
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Certo é que jornais como o The New York Times ou The Washington Post admitem ser urgente alterar a cobertura presidencial: menos citação directa, mais investigação.
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