Alstom revê previsões e afunda 38% em bolsa

Fabricante francesa que está na corrida pelo fornecimento de 177 comboios à CP prevê "cash flow" negativo de até 750 milhões de euros este ano. Revisão nas perspetivas financeiras atirou ações para terreno negativo.
Bloomberg
Negócios com Bloomberg 05 de Outubro de 2023 às 10:56

A Alstom, que está na corrida ao fornecimento de 117 comboios à CP, viu as ações tombarem 38% esta quinta-feira, depois de ter revisto em baixa as previsões de tesouraria à conta de atrasos em contratos no Reino Unido.

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De acordo com a Bloomberg, com este movimento, a fabricante francesa de comboios perdeu esta manhã cerca de um terço da sua capitalização bolsista, face ao valor de mercado de quarta-feira, após anunciar que fechará o ano com cash flows negativos de 500 a 750 milhões de euros.

A empresa francesa espera um atraso num importante contrato no Reino Unido, que inclui 443 comboios que servem linhas do Metro de Londres. Depois de arrancarem a ceder 38% no início das negociações em Paris, as ações da companhia estavam a ceder 7,96% para 13,50 euros às 10:52, esta manhã.

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A Alstom espera agora completar o contrato no Reino Unido no ano fiscal de 2024-2025, quando o calendário inicial apontava para a primeira metade deste ano.

Os problemas nas cadeias de abastacimento, que conduziram a um maior stock e a um menor número de encomendas, também contribuíram para o corte nas perspetivas de tesouraria da Alstom.

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Gael de-Bray, analista do Deutsche Bank, refere numa nota de análise citada pela Bloomberg que este "revés" coloca pressão sobre a equipa de gestão da fabricante francesa, adiantando que um aumento de capital é "altamente provável".

O fabricante francês anunciou na quarta-feira ao final do dia que espera agora um cash flow negativo de até 750 milhões de euros para o ano fiscal completo, em comparação com uma previsão anterior de resultados "significativamente positivos". O atraso do projeto no Reino Unido representa cerca de um terço da redução.

A Alstom registou um cash flow negativo de 1,15 mil milhões de euros nos seis meses até setembro, tendo afirmado a sua orientação a médio prazo.

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Em maio, o presidente da Alstom Europa deu uma entrevista ao Negócios onde revela que a oferta do grupo francês para o fabrico completo de comboios em Portugal envolve a transferência de tecnologia de ponta, desenvolvimento de competências locais e criação de emprego.

Gian Luca Erbacci afirmava também que o propósito da fábrica em Guifões, caso ganhe o concurso aberto pela CP, será servir o mercado português mas também alavancar as exportações. E garantia que os fornecedores nacionais irão beneficiar da presença mundial da Alstom.

Em junho, o jornal Público adiantava que o relatório preliminar que analisou as versões finais dos três concorrentes ao fornecimento de 117 comboios à CP concluiu que o consórcio Alstom-DST (Domingos da Silva Teixeira) reunia as melhores condições para lhe ser adjudicada aquela encomenda.

Gian Luca Erbacci afirmava também que o propósito da fábrica em Guifões, caso ganhe o concurso aberto pela CP, será servir o mercado português mas também alavancar as exportações. E garantia que os fornecedores nacionais irão beneficiar da presença mundial da Alstom.

Em junho, o jornal Público adiantava que o relatório preliminar que analisou as versões finais dos três concorrentes ao fornecimento de 117 comboios à CP concluiu que o consórcio Alstom-DST (Domingos da Silva Teixeira) reunia as melhores condições para lhe ser adjudicada aquela encomenda.

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Aquisição da Bombardier continua a dar dores de cabeça

As ações da Alstom têm estado sob pressão desde a aquisição das operações de comboios da Bombardier, há três anos, sobretudo devido aos efeitos dos dispendiosos contratos do seu antigo concorrente.

Segundo a Bloomberg, a Alstom tem vindo a culpar a má gestão da Bombardier pelos atrasos nas entregas e pelas pesadas despesas necessárias para concluir as encomendas em carteira.

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De acordo com o analista do Deustche Bank Gael de-Bray, "95% dos comboios foram produzidos, mas a aceitação dos clientes foi inferior ao esperado, com apenas 87% pagos".

"Os riscos de execução continuam elevados, com os meios de comunicação a falarem de atrasos em alguns projetos de comboios de alta velocidade nos EUA (Amtrak) e Reino Unido (HS2)", acrescenta o analista.

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