Luís Natal Marques: “Em 2020, a EMEL estará em todas as freguesias”
O presidente da EMEL (Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa) diz que é uma "geometria difícil" conseguir acomodar os 200 mil veículos dos residentes e os 370 mil que entram todos os dias. Tornar a empresa "a mais amada" da cidade é a sua aspiração.
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A EMEL vai fazer 25 anos em 2019. Continua a ser uma "hate brand", ou seja, uma marca odiada. Há alguma intenção de reverter esta imagem ou é lucrativo tê-la?
A minha grande aspiração é tornar a EMEL a empresa mais amada de Lisboa. A gestão dos conflitos de interesse entre os que cá moram e os 370 mil veículos que entram diariamente é uma geometria de muito difícil resolução. Isto é conseguir que a cidade acomode, para além dos 200 mil veículos dos residentes, os 370 mil que chegam. Não é dizer que alguém tem de pôr ordem nisto, mas alguém tem de fazer a regulação dos interesses em presença.
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Porque é a EMEL tão odiada?
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Porque as pessoas entendem que o seu problema é o mais importante. É um pouco como nas urgências dos hospitais: a nossa saúde é sempre a mais importante.
Não vê que haja razões?
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Talvez tenha havido no passado. Mas hoje as pessoas estão mais sensíveis a questões de natureza ambiental ou de prevenção de abusos no estacionamento. Já vão compreendendo melhor. Daí que na cidade as freguesias chamam por nós exactamente no sentido de ordenar o estacionamento para que a cidade possa ser usufruída por todos.
Em que todos pagam o estacionamento?
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Em que todos pagam o estacionamento porque o espaço é exíguo. Todos temos direito a estacionar mas não podemos estacionar todos ao mesmo tempo. Tem que haver uma regulação, para que quem vá, por exemplo, a um centro de saúde possa estacionar para poder lá ir. Se as pessoas estacionam de manhã e retiram o carro à tarde apenas elas estão a usufruir do estacionamento. É preciso que haja rotação, até para dinamizar as actividades económicas.
Faz sentido que toda a cidade venha a ter estacionamento pago? Mesmo freguesias residenciais?
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É bom que se diga que a empresa providencia a criação de lugares de estacionamento exclusivos a residentes. O problema do estacionamento em Lisboa não existe porque quem cá mora o cria. É nos 370 mil que diariamente entram que está o principal problema. Mas para que as pessoas não tragam o veículo para a cidade há necessidade de criar alternativas. Desde logo, transportes públicos em melhores condições e mais apetecíveis, até do ponto de vista do preço. Também parques dissuasores que, estando situados na periferia e junto dos grandes nós de transporte público, levem a que as pessoas decidam estacionar aí e entrarem na cidade num meio de transporte mais limpo e mais rápido.
Qual é o objectivo que tem para a cobertura do estacionamento?
O objectivo foi definido em Julho de 2017 na Assembleia Municipal de Lisboa, que decidiu que a área de intervenção da empresa coincidia com todo o município. É natural que a empresa vá criando condições para que chegue a todo o município. Quando resolvemos o problema de uma freguesia, tarifando o estacionamento, quem não quer pagar acaba por ir para a freguesia ao lado, e aí temos também essa freguesia a reclamar a nossa presença.
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Isso significa uma aceleração do processo?
É. Até ao ano passado a EMEL fazia intervenções em zonas numeradas de acordo com a sequência em que tinham vindo para a exploração da empresa. Agora é toda a cidade que deve estar sob a gestão de estacionamento da EMEL.
Está a ser feito gradualmente...
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Está a ser gradual. Nem nós temos capacidade.
Qual é o calendário para estar concluído?
Em 2020 teremos todas as freguesias cobertas. A ideia é a criação por ano de 20 mil lugares de estacionamento tarifado para fazer a cobertura da totalidade da cidade.
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Há uns anos houve problemas na freguesia de Carnide, desagradada com a instalação de parquímetros. As mentalidades mudaram?
Estamos agora em processo de avançar para a junta de freguesia dos Olivais, temos também a questão do Lumiar e São Domingos de Benfica, que têm a ver com pedidos dos próprios presidentes de junta.
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