Azul pede proteção contra credores, mas já tem solução e novos acionistas
A companhia aérea brasileira Azul anunciou esta quarta-feira, 28 de maio, o recurso ao "Chapter 11" (mecanismo judicial norte-americano de proteção contra credores) e também que já chegou a um acordo de reestruturação financeira que lhe permitirá manter-se em atividade.
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O acordo contempla a entrada da American Airlines e da AerCap (empresa de leasing de aviões) no capital da Azul e o reforço da posição da United, que já é acionista da transportadora brasileira.
A Azul, fundada por David Neeleman, que deteve 22,5% da TAP até 2020, irá continuar a operar normalmente durante todo este processo que deverá demorar cerca de nove meses.
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O desenho da operação é explicado pela transportadora num comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários do Brasil.
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"A companhia garantiu um financiamento DIP [financiamento contraído por um devedor em recuperação judicial] de aproximadamente 1,6 mil milhões de dólares de parceiros financeiros, que será usado para refinanciar certas dívidas existentes e prover cerca de 670 milhões de dólares em nova liquidez durante o processo. Ao final do processo, está prevista a amortização do DIP com os recursos de uma oferta de subscrição de ações de até US$ 650 milhões, com garantia firme dos referidos investidores, além de um possível investimento adicional de até 300 milhões de dólares por parte da United Airlines e American Airlines, sujeito a determinadas condições. Esse pacote completo de financiamento viabiliza uma saída estruturada e acelerada do processo", explica a Azul em comunicado.
A operação da Azul reveste-se de particular importância, tanto para a United como para a American Airlines, na medida em que a companhia serve 190 destinos no Brasil, uma rede muito densa que pode ser aproveitada pelas duas companhias norte-americanas.
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A Azul é mais do que uma parceira comercial, a sua abordagem centrada no cliente e sua malha única, conectando comunidades grandes e pequenas, melhoraram significativamente a experiência do passageiro no Brasil. Por isso, apoiamos a reestruturação e firmamos um novo acordo para construir uma parceria ainda mais forte", sublinha Andrew Nocella, vice-presidente executivo da United Airlines.
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Já Stephen Johnson, vice-presidente da American Airlines, diz que "o plano da Azul trará benefícios importantes para o mercado de aviação brasileira" e oferecerá os clientes da companhia "uma conectividade ainda maior nas Américas".
A nossa estratégia não se resume apenas à reorganização financeira. Ao utilizar esse processo, nós acreditamos que criaremos uma companhia aérea robusta, resiliente e líder", garante o CEO da Azul, John Rodgerson.
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A Azul, que já foi acionista da TAP, mantém um litígio com a transportadora aérea nacional devido a uma injeção de capital de 90 milhões de dólares feito em 2016 mas que agora já está calculado em 182 milhões de dólares.
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As duas partes não se entendem sobre esta matéria. A TAP considera que os 90 milhões de dólares foram um suprimento para a atividade da companhia, por isso não sujeito a reembolso, enquanto a Azul mantém que se trata de um empréstimo obrigacionista e, como tal, deve ser pago. O litígio prossegue e poderá ter implicações políticas.
Notícia em atualização
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