Ryanair abandona Açores a partir de março. Culpa ANA e Governo

A Ryanair vai cancelar todos os voos com origem ou destino para os Açores a partir de 29 de março do próximo ano, anunciou a companhia aérea "low cost" em comunicado divulgado esta quinta-feira.

A empresa liderada por Michael O'Leary aponta o dedo à ANA - Aeroportos de Portugal e ao Governo português. Em relação à gestora dos aeroportos nacionais, a Ryanair acusa a ANA, controlada pelo grupo francês Vinci, de aproveitar o monopólio para fixar elevadas taxas aeroportuárias. "Infelizmente, o monopólio da ANA não tem qualquer plano para aumentar a conectividade de baixo custo com os Açores".

Em relação ao Governo, a companhia aérea critica a "inação", assinalando que "aumentou as taxas de navegação aérea em 120% após a Covid e introduziu uma taxa de viagem de 2€, numa altura em que outros Estados da UE estão a abolir taxas de viagem para garantir o crescimento de capacidade, que é escasso".

A empresa defende que "o Governo português deve intervir e garantir que os seus aeroportos – uma parte crítica da infraestrutura nacional, especialmente numa região insular como os Açores – sirvam para beneficiar o povo português e não um monopólio aeroportuário francês".

A Ryanair aponta ainda o dedo a Bruxelas. "A competitividade das regiões europeias mais remotas – como os Açores – está a ser prejudicada pelas taxas ambientais anticoncorrenciais da UE", pode ler-se no comunicado.

"O ETS [Emission Trading System] da UE aplica-se apenas a voos intraeuropeus, enquanto voos de longo curso, mais poluentes, para os EUA e Médio Oriente estão excluídos. Em vez de tornar a aviação europeia mais competitiva (reduzindo o ETS), a UE expandiu o ETS para abranger regiões remotas como os Açores – isentando concorrentes não pertencentes à UE, como a Turquia e Marrocos", assinala. 

"“Estamos desapontados por o monopólio aeroportuário francês ANA continuar a aumentar as taxas aeroportuárias portuguesas para encher os seus bolsos, à custa do turismo e do emprego em Portugal – particularmente nas ilhas portuguesas. Como resultado direto destes custos crescentes, não tivemos alternativa senão cancelar todos os voos para os Açores a partir de 29 de março de 2026 e realocar esta capacidade para aeroportos de menor custo noutros pontos da vasta rede do Grupo Ryanair na Europa", indica o diretor-comercial (CCO) da Ryanair, Jason McGuinness, citado no comunicado.

"Após 10 anos de operações da Ryanair durante todo o ano, uma das regiões mais remotas da Europa irá agora perder voos diretos de baixo custo para Londres, Bruxelas, Lisboa e Porto devido às elevadas taxas da ANA e à inação do Governo português", remata.