Fujifilm investe meio milhão no Porto na abertura do primeiro “santuário da fotografia” em Portugal

Com uma faturação de 55 milhões e 170 trabalhadores, a Fujifilm Portugal afirma-se no país através do polo europeu de assistência em Gaia e de novos projetos culturais.
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João Silva Jesus 13:46

A Fujifilm Portugal vai inaugurar a 7 de novembro, no centro do Porto, a primeira House of Photography do país, um espaço que pretende ser mais do que uma loja: um “hub” cultural e experiencial dedicado à fotografia. A novidade foi anunciada na manhã desta quinta-feira, 2 de outubro, num encontro com jornalistas, que contou com a presença da direção europeia do grupo, sublinhando a relevância estratégica do projeto.

A House of Photography do Porto ficará instalada na Rua Sá da Bandeira, junto ao Mercado do Bolhão. Com cerca de 220 metros quadrados distribuídos por dois pisos, o espaço incluirá uma área de exposição e experimentação de produtos, bem como um piso dedicado a eventos, “workshops” e demonstrações. O fotógrafo Leonel Castro será o autor da primeira exposição no novo espaço, que receberá trabalhos tanto de artistas nacionais como internacionais.

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 “Escolhemos o Porto por ser uma cidade fotogénica, com uma comunidade criativa vibrante e mais de 30 escolas ligadas às artes e ao design”, destacou . Em exclusivo ao Negócios, o responsável adiantou que o investimento rondou meio milhão de euros, um valor que não tem como objetivo retorno direto, mas sim reforçar a presença cultural da marca na cidade. “Não é sobre vender caixas de produtos, é fomentar a experiência fotográfica e a cultura visual”, completou João Coelho, responsável de Imaging Solutions da Fujifilm Portugal.

A Fujifilm lançou o conceito House of Photography em 2018, em Londres, com o objetivo de criar um espaço onde profissionais, entusiastas, estudantes e famílias pudessem ter contacto direto com equipamentos, experiências culturais e serviços de impressão. Em 2024, o espaço londrino recebeu mais de 1 milhão de visitantes e acumulou vendas superiores a 15 milhões de libras.

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Além da capital britânica, já existem cinco espaços semelhantes em cidades como Tóquio e Sydney e em novembro será inaugurada também uma House of Photography em Barcelona. Com o Porto, a marca reforça a aposta no mercado ibérico, replicando o modelo inglês mas em formato mais compacto, adaptado à realidade portuguesa.

Reinvenção após a revolução digital

A filosofia da House of Photography  assenta na ideia de “picture taking” e “picture making”, isto é, ligar a captura da imagem à sua materialização. Para Shin Udono, vice-presidente sénior de soluções de "imaging" na Europa, o projeto “é o reflexo do DNA da Fujifilm, uma empresa fundada em 1934 na área da fotografia e que nunca deixou de investir neste setor, mesmo após a revolução digital”.

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A empresa, criada no Japão como produtora de filmes fotográficos e cinematográficos, transformou-se num gigante global diversificado, com presença em áreas como impressão digital, saúde, biotecnologia e materiais avançados. Em Portugal, a subsidiária foi integrada em 2008 na Fujifilm Europe, reforçando a sua posição no mercado ibérico.

O sucesso das câmaras Instax, com mais de 100 milhões de unidades vendidas desde 1998, e o crescimento da série Fujifilm X e GFX são exemplos de como a marca se conseguiu reinventar e reaproximar do público mais jovem. Theo Georghiades, diretor-geral da Fujifilm no Reino Unido, acrescenta que “a maioria das pessoas, de todas as faixas etárias, visita as Houses of Photography para aprender”, sublinhando que a dimensão educativa e prática é central. “Somos a única marca que consegue oferecer um processo completo, do clique à impressão, e queremos transmitir esse valor ao consumidor de forma acessível e inspiradora”, referiu.

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Expansão em Portugal

A abertura da House of Photography no Porto coincide com um momento de expansão para a filial portuguesa. No ano fiscal de 2024, a Fujifilm Portugal alcançou uma . A área da saúde, na qual também atuam, representa cerca de metade do negócio, seguida de “imaging” (35%) e da “graphic communication” (15%).

A unidade nacional conta atualmente com cerca de 170 colaboradores, número que tem crescido 13% nos últimos seis anos e projeta atingir os 63 milhões de euros em faturação em 2025. A Fujifilm Portugal projeta um crescimento de 5 a 6% face ao ano anterior, admitindo espaço para surpresas durante o Natal, época em que registam maior adesão. No caso de “imaging”, a empresa reforça que pode até ir além, com um crescimento de 6,5% no primeiro semestre de 2025. Paralelamente, a empresa investiu 1 milhão de euros em novas instalações no Porto, no edifício Icon Tower, reforçando a sua estrutura local.

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Além da fotografia e impressão, Portugal destaca-se na estrutura global pelo. Criado após o Brexit e por desafio de Pedro Mesquita, este polo absorve reparações de mais de 20 países e processa mensalmente cerca de 1.200 equipamentos fotográficos e médicos.

O lançamento da House of Photography no Porto integra-se também na aposta da Fujifilm na inovação tecnológica. A empresa desenvolve ativamente ferramentas de inteligência artificial para reconhecimento facial, processamento de imagem 3D em saúde e geração de relatórios médicos detalhados, sendo este último uma das grandes novidades da empresa e que entrará em fase de testagem, em Chicago, em novembro deste ano.

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Um “santuário” da fotografia

O projeto do Porto não terá apenas uma dimensão comercial. A Fujifilm pretende dinamizar a agenda cultural da cidade, acolhendo exposições de fotógrafos nacionais e internacionais e promovendo iniciativas de responsabilidade social. Em Espanha, por exemplo, a empresa já colaborou com associações de apoio a doentes de Alzheimer, utilizando imagens impressas para estimular memórias.

Pedro Mesquita não exclui a possibilidade de abrir mais espaços semelhantes em Portugal, embora sublinhe que a prioridade atual passa por expandir a rede de Houses of Photography na Europa. “Neste momento, existem 26 projetos para a Europa. Teremos de filtrar, apostar em novos lugares e, só de seguida, avaliar a abertura de novas lojas em países onde já existam”, explicou.

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“Este não é um investimento com fins imediatos de rentabilidade, é uma aposta na paisagem cultural e na ligação com a comunidade. Queremos que este espaço seja um santuário da fotografia em Portugal”, concluiu o diretor-geral.

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