Grupo francês quer converter paquete Funchal em alojamento para estudantes
Atracado no Cais da Matinha, às portas do Parque das Nações, em Lisboa, desde 2 de Janeiro de 2015, na sequência do seu arrastamento pela falência das empresas de cruzeiros de Rui Alegre, o mítico paquete Funchal poderá saber esta quarta-feira, 4 de Dezembro, o seu destino.
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Pelas 15 horas, a bordo do navio, o administrador de insolvência da empresa proprietária do Funchal vai proceder à abertura das propostas de aquisição da embarcação, que foi colocada à venda pelo valor mínimo de 2,3 milhões de euros, sendo que os créditos da empresa falida, a Pearl Cruises, maioritariamente ancorados no Montepio, rondam os 40 milhões de euros.
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Ao Negócios, o gestor judicial, José Pinto Oliveira, revelou que recebeu quatro propostas para a aquisição do Funchal, uma das quais é subscrita por um grupo hoteleiro francês com o qual se reuniu "há cerca de duas semanas" e que "tem por objectivo converter o paquete num alojamento para estudantes".
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As outras três propostas, de acordo com a identificação dos proponentes nos subscritos entregues, são de origem turca, britânica e "provavelmente" portuguesa, adiantou José Pinto Oliveira.
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O administrador de insolvência não acredita que o valor mínimo de 2,3 milhões de euros seja alcançado. "Não tenho expectativa nenhuma de que esse preço seja atingido", confessou ao Negócios.
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Se os 2,3 milhões de euros forem batidos, abrir-se-á a sessão de licitação entre os concorrentes que estão na corrida ao Funchal. Caso os valores oferecidos sejam inferiores ao preço mínimo estipulado, as propostas deverão então ser remetidas para análise da comissão de credores da Pearl Cruises - Transportes Marítimos Unipessoal, Lda., à qual cabe a decisão de aceitar alguma delas ou, então, abrir um novo processo de venda do paquete.
O Funchal, lançado ao mar em 1961 e que renasceu com Rui Alegre, após um investimento de 22 milhões de euros, voltou a zarpar em Agosto de 2014. Mas logo na viagem inaugural, o paquete acabou por ficar retido em Gotemburgo, com 400 passageiros, devido a duas avarias e problemas na inspecção.
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Passados quatro meses, o mais emblemático dos navios portugueses de transporte de passageiros e de turismo de cruzeiro do último meio século amarrava no Cais da Matinha, onde ainda se mantém.
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Há duas semanas, um trabalho da SIC avançava que o Montepio Geral terá financiado em 148,3 milhões de euros o ruinoso sonho naval de Rui Alegre, mais de metade desse valor sem quaisquer garantias.
Em causa esteve a compra dos navios Lisboa, Porto, Azores e Funchal.
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Segundo a investigação da SIC, foram assinados 58 contratos de crédito com as sociedades de Alegre, sendo que uma parte dos créditos foi concedido sob o parecer negativo do Departamento de Avaliação de Crédito (DAC) do banco.
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A 30 de Junho de 2015, cerca de quatro meses após as diferentes sociedades de Alegre terem caído na insolvência, a Direcção de Auditoria e Inspecção do Montepio apresentou um relatório onde detalhava toda a ruinosa operação de financiamento de Alegre, a qual, somando outras garantias concedidas pela instituição ao empresário, colocava o Montepio com uma exposição da ordem dos 150 milhões de euros.
Parte desse dinheiro terá sido utilizado para amortizar dívidas anteriores do empresário, assim como para comprar dois automóveis e pagar salários de Rui Alegre.
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Confrontado pela SIC, Tomás Correia, presidente e recandidato à liderança da Associação Mutualista Montepio, accionista maioritária da Caixa Económica Montepio Geral, disse desconhecer o relatório em causa e recusou-se a ver a cópia que a SIC lhe quis mostrar.
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