Polícia chinesa desmantela dois bancos ilegais que financiavam jogo em Macau
Os bancos clandestinos estiveram envolvidos em transações de mais de 20 mil milhões de yuan (2,5 mil milhões de euros), de acordo com um comunicado publicado 'online' na quinta-feira pelo departamento de segurança pública de Shaoguan, uma cidade no norte da província de Guangdong, que faz fronteira com Macau e Hong Kong.
Segundo a agência de notícias oficial chinesa Xinhua, que avançou dados sobre a investigação esta semana, a polícia começou por analisar uma conta bancária aberta em Shaoguan, em Julho. A conta era usada para transferir dinheiro para um suspeito de apelido Shen. Num curto período de tempo, as transacções através da conta atingiram 98 milhões de yuan (12,5 milhões de yuan).
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No âmbito da investigação, 10.000 pessoas são suspeitas de estarem envolvidas na operação ilegal, informou a polícia.
O grupo em Shaoguan é acusado de transferir dinheiro ilegalmente usando 148 contas bancárias abertas em 20 províncias com cartões de identificação roubados, segundo a Xinhua.
Alegadamente, o gangue tinha "elevados lucros" não especificados, ao transaccionar as diferenças das taxas de câmbio entre os dólares de Hong Kong e a moeda chinesa (yuan).
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Pequim permitiu o desenvolvimento de uma indústria financeira informal nas últimas duas décadas para apoiar os investidores, mas tem vindo apertar o controlo devido a crescentes preocupações com a estabilidade financeira.
Os reguladores estão especialmente preocupados com movimentos de dinheiro não autorizados, numa altura em que estão a tentar impedir saídas de capital.
Empresas e investidores apressaram-se a transferir dinheiro para fora do país depois de, em 2015, uma mudança no mecanismo usado para estabelecer a taxa de câmbio controlada pelo Governo ter gerado expectativas de que o yuan pudesse desvalorizar.
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Isto obrigou o banco central chinês a investir para fortalecer o yuan.
Os reguladores apertaram os controlos das saídas de capital e intensificaram o escrutínio dos investimentos propostos no exterior, levando algumas pessoas a recorrerem a operações clandestinas.
"As taxas cobradas são baixas, as remessas são rápidas e ilimitadas e a fonte dos fundos não é questionada", escreveu o jornal Guangzhou Daily a propósito do caso de Shaoguan.
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Em 2015, a polícia de Jinhua, uma cidade no sul de Xangai, reportou ter desmantelado uma operação clandestina de transacções para o estrangeiro avaliada em 410 mil milhões de yuan (52,4 mil milhões de euros). Mais de 370 pessoas foram processadas ou advertidas.
As autoridades de Pequim lançaram no final de 2014 novas medidas para travar a circulação de fundos ilícitos da China através dos casinos de Macau.
Os cidadãos chineses portadores de cartões UnionPay emitidos por bancos da China podem levantar até 10.000 yuan por dia (1.279 euros) em Macau, num limite anual de 100.000 yuan (12.792 euros).
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Em Dezembro de 2016, a Autoridade Monetária de Macau anunciou a imposição de um limite de 5.000 patacas (525 euros) por levantamento nos multibancos do território aos portadores de cartões emitidos por bancos da China, mantendo-se a quota diária máxima de 10.000 yuan.
No seguimento do combate ao branqueamento de capitais, multibancos de Macau começaram este ano a instalar um sistema de reconhecimento fácil para os utilizadores de cartões UnionPay emitidos por bancos da China.
Em 2016, as transacções ilegais com recurso a terminais portáteis da UnionPay International em Macau atingiram 4.995 milhões de patacas (586 milhões de euros), segundo dados facultados pela Polícia Judiciária à agência Lusa.
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As operações em causa são ilegais porque efectuadas em Macau através das máquinas POS (point of sale) da UnionPay China ou outras fornecidas por terceiros, o que faz com que a UnionPay International não receba a percentagem a que tem direito por a transacção ter sido realizada fora da China continental.
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