Barclays pede perdão por ter manipulado a Libor
As demissões ocorreram no início de Julho e cerca de uma semana após o Barclays ter chegado a acordo com a reguladora britânica (FSA), a comissão norte-americana de negociação de futuros (CFTC) e ainda o departamento de Justiça dos EUA e ter aceite pagar uma coima total de 290 milhões de libras (360 milhões de euros).
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Hoje, o banco pediu desculpa por ter manipulado a taxa Libor e garantiu "estar, verdadeiramente, arrependido com o que aconteceu". Marcus Agius promete aos seus accionistas e clientes que o banco "não irá voltar a distrair-se do que realmente importa".
"A administração agradece aos seus colaboradores o compromisso e determinação para garantir que os clientes estão no centro de tudo o que fazemos", escreve Marcus Agius.
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Marcus Agius foi o primeiro executivo do Barclays a apresentar a demissão na sequência do escândalo mas permanecerá em funções até que seja nomeado o novo chairman e CEO. Já Robert Diamond anunciou a sua demissão com efeitos imediatos.
Na altura em que Diamond abandonou o banco chegou a falar-se de uma possível saída do director financeiro Chris Lucas. Esta, no entanto, nunca chegou a concretizar-se.
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No entanto, Chris Lucas vê-se agora envolvido numa nova investigação ao banco britânico que envolve financiamentos captados junto de países do Médio Oriente em 2008. O regulador britânico (FSA) está a investigar a qualidade da informação prestada pelo banco, no âmbito das comissões pagas em vários acordos comerciais, bem como a sua ligação aos fundos angariados pelo banco britânico em Novembro de 2008. Ou seja, o regulador suspeita que o Barclays tenha favorecido comercialmente as entidades a que depois recorreu para se recapitalizar.
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A questão foi levantada pela primeira vez pelo Wall Street Journal, em Maio de 2008. Um estudo realizado pelo diário financeiro americano concluía que alguns dos 16 bancos que contribuem para a formação da Libor, entre eles o Citigroup, o HBOS, o JP Morgan e o UBS, estavam a dar taxas de financiamento mais baixas do que conseguiam na realidade. O objectivo era passar para os restantes bancos a imagem de que continuavam a beneficiar de custos de financiamento acessíveis, apesar do aperto de liquidez que já se estava a criar por causa do subprime .
Tal como a Euribor, a Libor é uma taxa interbancária que exprime o juro médio a que os bancos participantes estão dispostos a emprestar uns aos outros. Criada pela British Bankers Association em 1986, a taxa existe em dólares, euros e noutras oito moedas, e serve de referência para dez biliões de dólares de empréstimos e contratos financeiros no valor de 350 biliões de dólares, em todo o mundo.
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A existência de uma investigação internacional veio a lume em Março de 2011 através do relatório e contas de 2010 do UBS que, dando seguimento ao preceito legal que obriga a informar os accionistas sobre eventuais casos judiciais, refere que o banco tinha sido intimado a prestar esclarecimentos por três autoridades nos EUA e recebido pedidos de informação do Japão e do Reino Unido. Os reguladores queriam saber se o banco suíço tinha manipulado as taxas Libor, sozinho ou em conjunto com outros bancos. Os factos remontam ao período entre 2006 e 2008, apanhando os meses mais difíceis da crise financeira.
Além do banco suíço, foram intimados outros gigantes da indústria, como o Bank of America, o Citigroup e o Barclays. Os relatórios e contas de outras instituições vieram trazer mais luz sobre o tema. O Royal Bank of Scotland admitiu que estava a ser investigado por alegadamente ter manipulado o valor da Libor do dólar e o preço de instrumentos derivados relacionados com a taxa, em vários mercados.
Ou seja, os bancos terão tirado partido da sua influência na definição da Libor para formar uma taxa de acordo com os seus interesses, ao fornecerem valores incorrectos.
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