Documentos do Barclays apreendidos em Itália para investigar fraude nas Euribor

Investigação à alegada manipulação das taxas Euribor já levou à apreensão de material informático dos escritórios do Barclays em Milão. Mas o banco ainda não está oficialmente a ser investigado.
Diogo Cavaleiro 31 de Julho de 2012 às 12:13

Entre os documentos apreendidos estão material informático e e-mails do banco, segundo indicaram dois grupos de consumidores italianos, o Adusbef e o Federconsumatori.

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Estes dois grupos apresentaram uma queixa contra a manipulação de taxas interbancárias Euribor, que são utilizadas, entre outras coisas, como indexantes ao crédito à habitação. Os promotores públicos de Trani, cidade do sul de Itália, iniciaram uma investigação há cerca de duas semanas.

Foram estes promotores que ordenaram, agora, a busca nos escritórios do banco britânico em Milão, "com o objectivo de analisar provas de que o Barclays também manipulou as Euribor, como fez com as Libor, com um impacto negativo nas taxas de empréstimos pagas pelos italianos", cita a agência Reuters.

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Os responsáveis do Barclays, em Londres e em Milão, não se mostraram disponíveis para responder à Reuters. Da mesma forma, a Bloomberg não conseguiu entrar em contacto com os promotores.

Perdas estimadas de 3 mil milhões de euros

Certo é que os grupos de consumidores estimam que a manipulação afectou 2,5 milhões de famílias italianas cujos créditos à habitação estavam ligados às Euribor. O grupo Adusbef antecipa custos totais na ordem dos 3 mil milhões de euros.

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Os promotores da cidade de Trani têm-se especializado em investigação contra instituições financeiras internacionais. Aliás, estes promotores investigam a influência das opiniões "infundadas" e dos "juízos falsos" das agências de “rating” nos preços das acções.

Esta investigação em Itália às Euribor é uma das que está em curso para esclarecer eventuais ilegalidades no estabelecimento destas taxas. As Euribor são taxas definidas diariamente com base numa média de taxas estabelecidas pelos bancos europeus, que são estabelecidas para dar uma ideia dos custos que os bancos enfrentam para pedirem dinheiro emprestado uns aos outros. A Libor é a congénere para o gigante mercado londrino.

Esta busca nos escritórios de Itália acontece numa altura em que a manipulação à Libor continua sob os holofotes mediáticos. A investigação às taxas Libor teve como primeiro alvo o Barclays, o primeiro banco com quem as autoridades britânica e norte-americana chegaram a acordo. O banco aceitou pagar uma coima de 290 milhões de libras (371 milhões de euros), mas isso não impediu que a cúpula directiva sofresse uma reviravolta. O presidente executivo, Robert Diamond, demitiu-se e o chairman, Marcus Agius, também decidiu abandonar o cargo, mantendo-se apenas até se encontrar um substituto. Mas há outros grandes bancos sob investigação.

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