GRANOLAS são donas e senhoras da nova década nos mercados europeus
Na última década, a configuração das maiores empresas europeias em termos de capitalização de mercado alterou-se. Se antes o setor bancário, as petrolíferas ou as empresas de telecomunicação dominavam o espectro na Europa, agora as mais valiosas estão concentradas no setor farmacêutico e tecnológico, segundo um estudo do Goldman Sachs.
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O banco de investimento definiu o grupo das "big-11" europeias como GRANOLAS, do qual fazem parte a Glaxosmithkline, Roche, ASML, Nestlé, Novartis, Novo Nordisk, L’Oreal, LVMH, Astrazeneca, SAP e a Sanofi. E serão estas, segundo o estudo realizado, quem vai liderar a próximo ciclo.
"Achamos que os líderes do próximo ciclo serão empresas capazes de gerar crescimento de lucros, pagamentos de dividendos sustentáveis, e que tenham balanços saudáveis. Nem todas as empresas que compões as GRANOLAS poderão cumprir estes requisitos, mas juntas achamos que oferecem alguma qualidade em termos de crescimento, estabilidade e lucro", pode ler-se na nota divulgada pelo Goldman Sachs.
Desde a crise financeira global, o Stoxx 600, índice que reúne as 600 maiores cotadas da Europa, valorizou 220%. Mas dentro deste aglomerado destacaram-se os setores ligados à saúde (+388%), aos bens de consumo (+385%) e à tecnologia (+355%) - enquanto que os setores historicamente mais fortes na Europa, como o petrolífero, bancário ou das telecomunicações conheceram ganhos de 48%, 50% e 84%, respetivamente.
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"Os índices mudaram. Há 20 anos, no início de 2000, as 10 maiores empresas da Europa eram todas do setor das telecomunicações e do petróleo, com exceção de um banco (HSBC)", escreveram os analistas do banco de investimento norte-americano, acrescentando que "esta mudança foi uma consequência do contexto de taxas de juros muito baixas e de maior aversão ao risco que caracterizaram o mundo pós grande crise financeira global". O Goldman Sachs admite que é natural que os mercados estejam em constante mutação, mas aponta os exemplos do Japão e dos Estados Unidos como países cujas maiores empresas se mantêm no topo há varias décadas. Mostram que 5 das 10 maiores empresas nipónicas em 2000 se mantêm no top 10 em termos de "market cap" (Toyota, NTT, NTT Docomo, Softbank e Sony). E mesmo nos Estados Unidos, 2 das 10 maiores cotadas da altura ainda constam do top 10 (Microsoft e Walmart).
Na Europa, das 10 maiores cotadas atualmente, nenhuma figurava na tabela das maiores empresas por capitalização de mercado no início deste século.
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"Podemos argumentar que a Europa mudou radicalmente face a outros mercados desenvolvidos. E enquanto nos Estados Unidos a mudança foi mais óbvia, uma vez que entre as 10 melhores empresas estão novas 'super-tech', no caso da Europa as maiores de agora já existem há muito tempo", acrescenta.
Outra diferença apontada pelo Goldman Sachs é que as maiores empresas dos anos 2000 na Europa perderam a maior parte do seu valor de forma drástica.
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O banco de investimento coloca as empresas que compõem as GRANOLAS como um "apetitoso grupo de cotadas", tendo em conta o desempenho do seu lucro, crescimento e estabilidade.
Em termos de crescimento, os analistas referem que as empresas em questão estão a crescer muito mais rapidamente do que o mercado (como se pode ver no quadro abaixo, à esquerda). Ao passo que os ganhos do mercado geral estão abaixo do pico de 2007, os ganhos das GRANOLAS estão 100% acima. E o impacto do coronavírus só vai reforçar essa diferença, indicam.
Nos lucros, o Goldman Sachs refere que as GRANOLAS apresentam todas uma rendibilidade de dividendo atrativa (ver quadro abaixo, à direita). E "os seus dividendos devem continuar a ser sustentáveis e continuar a subir a longo prazo".
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Outra das caraterísticas sublinhadas pelo banco de investimento é a estabilidade deste grupo de cotadas na Europa, que têm conseguido manter-se num patamar muito mais estável face à média do mercado.
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