Wall Street ajusta estratégias à espera de segunda vaga de infeção
À medida que o mundo se prepara para uma possível segunda vaga de infecções de covid-19, o mercado acionista está a precificar uma economia global em expansão, os títulos apontam para uma desaceleração prolongada e a volatilidade cambial está a aumentar.
Os investidores sentem-se cada vez mais desconfortáveis com esses sinais conflituosos entre as classes de ativos, mas também se resignam e ajustam as estratégias.
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As estratégias experimentadas e testadas que direcionavam investidores para ativos de renda variável nos bons tempos e para os títulos na crise começaram a ser desfeitas há uma década, diante da política monetária não convencional. Os bancos centrais aumentam a resposta ao vírus e governos prometeram mais de 8.000 mil milhões de dólares em estímulo fiscal para combater o impacto da pandemia.
"É uma mudança brusca nos mercados e, no centro de tudo isso, sem dúvida, estão os esforços da Reserva Federal para reativar a economia", disse Shyam Devani, estratega-chefe da SAV Markets, em Singapura.
Acrescentou que "há vislumbres dos investimentos na crise financeira de 2008, mas desta vez, em ações, títulos e moedas, há uma sensação de que as apostas podem ser maiores".
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O índice MSCI que acompanha ações internacionais mostra empresas a negociar mais de 19 vezes acima do lucro estimado para o próximo ano. Esses níveis não eram vistos desde a explosão das dot.com. E o preocupante é que surgem quando milhões pessoas perdem o emprego, na crise mais complicada desde a Segunda Guerra Mundial segundo as Nações Unidas.
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"O fato de o banco central da moeda mundial de reserva estar a comprar tudo, de títulos públicos a dívidas corporativas, está a fazer todos os barcos flutuarem", disse Devani. "O ponto de inflexão será quando houver clareza suficiente sobre qual é o impacto a longo prazo do vírus".
Mas esse ponto não chegou, e alguns investidores de renda variável esperam variações altas pelo menos até o fim de 2020.
"O dinheiro bombeado por bancos centrais e governos manterá índices de preço/lucro mais altos e teremos que trabalhar com isso", disse Nader Naeimi, analista da AMP Capital, em Sidney. "Índices de preço/lucro se correlacionam com excesso de liquidez".
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Otimistas sugerem que os lucros podem recuperar para justificar as variações.
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