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Wall Street: Os juros suculentos, os serviços secretos chineses e a perda de apetite pelas acções

As bolsas norte-americanas encerraram em terreno negativo, com o Dow Jones a cair pela primeira vez em seis sessões e o S&P 500 e o Nasdaq a marcarem a pior sessão desde finais de Junho. O sector financeiro foi o único em alta, à conta da subida dos juros da dívida, ao passo que o tecnológico registou a pior queda em quase seis meses.

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bolsas mercados operadores wall street queda Reuters
04 de Outubro de 2018 às 21:07

O dia foi negro em Wall Street, com vários factores a unirem-se para formarem a tempestade perfeita nas bolsas do outro lado do Atlântico.

O índice industrial Dow Jones fechou a cair 0,75% para 26.626,97 pontos, depois de ontem ter estabelecido durante o dia um novo máximo histórico, pela segunda sessão consecutiva, ao tocar nos 26.951,81 pontos. Esta foi a primeira descida em seis sessões.

Por seu lado, o Standard & Poor’s 500 recuou 0,82% para 2.901,60 pontos e o tecnológico Nasdaq Composite perdeu 1,81% para 7.879,51 pontos (tendo chegado a ceder mais de 2%) – ambos a viverem a pior sessão desde finais de Junho.

Há 71 sessões consecutivas que o S&P 500 não oscilava mais de 1%, nem para cima nem para baixo - mas hoje isso chegou a acontecer durante a jornada, ao cair para mínimos de três semanas, se bem que nos minutos finais de negociação tenha conseguido reduzir as perdas.

Mas foi o Nasdaq o mais castigado esta quinta-feira, à conta da maior queda do sector tecnológico em quase seis meses, com destaque para os mergulhos da Apple, Amazon, Microsoft e Google.

A Apple e a Amazon estiveram a ser especialmente pressionadas no dia em que negaram uma informação avançada pela agência Bloomberg de que os seus sistemas informáticos foram infiltrados por chips maliciosos inseridos pelos serviços secretos chineses.

E por falar na China, as tensões comerciais entre Washington e Pequim continuam a pesar no sentimento dos investidores, sendo mais uma das razões pelas quais preferem investir em activos considerados mais seguros, os chamados activos-refúgio como a dívida norte-americana, o ouro e, no cambial, o franco suíço, iene e dólar.

E no reino dos juros das obrigações dos EUA, muito tem acontecido nos últimos dias. Os bons dados económicos dos EUA têm estado a fazer subir as "yields" da dívida norte-americana, por via do menor investimento em obrigações, já que os invetsidores não sentem que precisam de procurar este activo-refúgio pelo facto de não verem tantos riscos para a economia.

A dívida norte-americana no vencimento a 10 anos disparou para máximos de sete anos e meio, nos 3,23% - ao passo que na maturidade a dois anos alcançaram o patamar mais elevado em mais de uma década.

A ADP (sector privado) anunciou ontem um aumento dos postos de trabalho nos EUA em Setembro na ordem dos 230.000 (o maior incremento desde Fevereiro), contra uma estimativa de 184.000.

Por outro lado, um relatório do Institute for Supply Management deu conta de que a actividade do sector dos serviços atingiu um máximo de 21 anos em Setembro – o que também ajudou ao optimismo dos investidores.

Além disso, hoje foi divulgado que os pedidos de subsídio de desemprego na semana passada, nos EUA, caíram para um mínimo de perto de 49 anos.

A contribuir para uma menor procura por obrigações (e consequente aumento dos juros da dívida) esteve também a renovada convicção de que a Reserva Federal dos EUA irá proceder em Dezembro a uma subida dos juros directores – o que, a confirmar-se, será o quarto deste ano.

Com a Fed a ver também a economia a manter a solidez, a procura por refúgio nas obrigações diminuiu, fazendo subir os juros (que negoceiam inversamente) e levando a que fossem accionados os fechos de posições, desencadeando um movimento de vendas das "treasuries" norte-americanas.

A perspectiva de novas subidas dos juros pelo banco central deixa recear que as acções estejam sobreavaliadas - uma vez que o aumento dos custos de financiamento das empresas pode colocar em causa os seus resultados -, o que, por sua vez, leva a um desinvestimento no mercado accionista.

O aumento da remuneração das obrigações levou a que o sector da banca valorizasse, tendo sido o único que fechou em alta.

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