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Japão reitera preocupação com flutuações "rápidas" e "unilaterais" do iene

Já na quarta-feira, a ministra das Finanças japonesa, Satsuki Katayama, admitiu a preocupação do governo com a fraqueza do iene.

Minoru Kihara expressa preocupação com as flutuações do iene.
Minoru Kihara expressa preocupação com as flutuações do iene. Eugene Hoshiko / AP
07:29

O Governo japonês reiterou esta quinta-feira a preocupação com as flutuações cambiais "rápidas" e "unilaterais" do iene, quando a moeda japonesa atinge mínimos de dez meses em relação ao dólar e perante expectativas do aumento da despesa orçamental.

O Japão está a monitorizar a moeda "com um elevado sentido de urgência", afirmou o porta-voz do Executivo japonês, Minoru Kihara, hoje durante a conferência de imprensa diária, em declarações recolhidas pela agência de notícias japonesa Kyodo.

A moeda japonesa negociou hoje a cerca de 157 ienes por dólar, ao nível mais baixo desde janeiro.

Já na quarta-feira, a ministra das Finanças japonesa, Satsuki Katayama, admitiu a preocupação do governo com a fraqueza do iene, que atingiu na véspera um mínimo em relação ao euro, gerando expectativas de uma possível intervenção das autoridades para travar movimentos bruscos.

O iene chegou a cair para 180 unidades por euro durante as negociações na bolsa de Nova Iorque na segunda-feira, o nível mais baixo em relação à moeda comunitária desde a sua introdução em 1999, e oscilou na faixa alta das 179 unidades durante a sessão em Tóquio.

Katayama afirmou que é importante que as moedas se movam de forma estável, refletindo os fundamentos económicos, sendo que comentários semelhantes foram feitos no passado, antes de as autoridades financeiras japonesas intervirem no mercado cambial para travar movimentos bruscos do iene.

Os comentários de Katayama na quarta-feira surgiram um dia após a publicação dos dados do produto interno bruto (PIB) japonês, que mostrou uma contração de 0,4% entre julho e setembro, a primeira redução em seis trimestres, o que levou a ministra justificar existirem "razões suficientes para implementar medidas de estímulo e orçamentais", em defesa da posição do Governo da conservadora Sanae Takaichi, que assumiu o poder em outubro.

As operações de venda da moeda nipónica têm-se intensificado num contexto de preocupação com a saúde orçamental do Japão e do impacto do mega pacote de estímulo em finalização pelo Executivo de Takaichi.

Ao mesmo tempo, os esperados aumentos das taxas do Banco do Japão (BoJ) continuam em pausa, enquanto o banco central analisa o impacto das tarifas norte-americanas e a política económica do novo Executivo japonês, o que contribui também para a fraqueza do iene.

Uma das economistas pertencentes ao conselho de política do BoJ, Junko Koeda, insistiu hoje, porém, na necessidade do banco central prosseguir com os aumentos planeados da taxa de juros de referência, que continua em 0,5%, que permitam à quarta maior economia do mundo retornar a um "estado de equilíbrio", avançou a Kyodo.

A ministra das Finanças manteve uma reunião na quarta-feira com o governador do BoJ, Kazuo Ueda, embora, de acordo com a publicação Nikkei, que cita fontes próximas, os responsáveis não tenham discutido em detalhe a situação do iene, o que contribuiu para a venda da moeda.

O banco central tem-se mostrado favorável ao aumento dos custos do endividamento como parte dos esforços para normalizar a política monetária, se a economia e os preços evoluírem de acordo com as metas estabelecidas, mas Ueda alertou que o impacto real das tarifas na economia japonesa ainda não se materializou completamente, pelo que o BoJ adotou uma postura cautelosa.

A este fator juntou-se a chegada ao poder de Takaichi, conhecida pela postura orçamental moderada e defensora de uma política monetária expansionista, que se mostrou crítica em relação ao caminho de subidas das taxas que o BoJ iniciou em março de 2024.

O banco central japonês aumentou as taxas de juro pela última vez em janeiro último, mas o ciclo de "normalização" foi interrompido após o regresso de Donald Trump à Casa Branca e a política tarifária agressiva que Washington tem vindo a exercer desde então.

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