Juros da dívida portuguesa deslizam em todos os prazos
Nas últimas 15 sessões, 12 foram de alívio para as taxas de juro implícitas sobre a dívida nacional. Hoje, também as "yields" italianas e espanholas cedem terreno, a compensar as subidas dos dias anteriores.
A taxa de juro implícitas às obrigações portuguesas a dois anos, por exemplo, seguem hoje a perder 12,5 pontos base para negociar nos 8,9%. Nas últimas 15 sessões, só em três o desempenho destas taxas foi de subida. Em todas as outras, verificou-se um alívio. O que fez com que a taxa se afastasse dos 12% que se registavam há três semanas.
A descida destas rendibilidades que são exigidas pelos investidores quando estão a negociar obrigações portuguesas – que acontece como reflexo da subida do preço dessas obrigações – tem vindo a ocorrer com os elogios feitos por várias casas de investimento e dos líderes europeus aos esforços feitos por Portugal no âmbito do programa de resgate acordado no ano passado.
Apesar das taxas continuarem em níveis que mostram ainda a desconfiança dos investidores face à dívida portuguesa – é impraticável que Portugal se venha a financiar a 8% para vender dívida a dois anos no mercado primário –, a verdade é que as rendibilidades agora praticadas reflectem um alívio em relação aos níveis que já foram pedidos.
Nas obrigações a dez anos, a yield está a cair 1,2 pontos base para 10,7%, tendo descido do patamar superior a 12% que marcava, também, há três semanas ou dos 18% a que já chegou em Janeiro.
As descidas das "yields" são extensíveis a todas as maturidades.
Pelo contrário, nas últimas semanas, as dívidas públicas italiana e espanhola têm estado sob pressão, com o resgate bancário a Espanha e com o aumento dos custos de financiamento de Itália para colocar dívida no mercado, como se verificou ontem.
Contudo, hoje, o comportamento é inverso, com uma quebra das taxas de juro implícitas em torno de 10 pontos base na maioria dos prazos da dívida de ambas as economias.
Isto num dia em que Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE), veio dizer que está a ser preparado um esboço para o futuro da união monetária que será tornado público nos próximos dias. Um esboço que pretende atribuir uma maior integração à Zona Euro para ser discutido na próxima cimeira de 28 e 29 de Junho, em Bruxelas. Os analistas do mercado têm olhado para o BCE como a instituição que poderá dar uma solução no curto prazo para aliviar a tensão sobre Itália e Espanha. Draghi disse hoje, também, que a autoridade monetária vai ceder liquidez aos bancos solventes, na medida em que estes precisarem.
Além disso, também tem sido noticiado que poderá haver uma reunião do Eurogrupo, que reúne os ministros das Finanças do euro, para logo depois das eleições na Grécia, que acontecem no próximo domingo. O objectivo será alinhar a posição europeia para reagir aos resultados das legislativas.
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