Mario Draghi | Presidente do BCE vai manter taxa de juro de referência em 1%.

A reunião do Conselho de Governadores do BCE, que este mês ocorre a uma quarta-feira devido ao feriado de Páscoa, é o principal acontecimento da semana nos mercados financeiros. Ainda que não se esperem alterações na taxa de juro, Mario Draghi poderá adiantar algumas pistas sobre a forma como o banco central está a planear a "estratégia de retirada" após as injecções de liquidez recentes.

Em nota de investimento, o RBC Capital Markets diz que "concordamos com a expectativa consensual de que o BCE vai manter inalterada a taxa de juro básica [em 1%], nem deverão ser anunciadas novas cedências de liquidez". No entanto, dizem os analistas, "Draghi deverá manter a posição mais anti-inflacionista do mês passado e poderá ser questionado sobre o 'timing' e a sequência" da reversão por parte do banco das recentes operações de refinanciamento.

Nick Matthews, economista do Royal Bank of Scotland escreve que "Draghi deverá confirmar que o BCE está a discutir a preparação da 'retirada' face aos estímulos recentes à liquidez". "Todavia, acreditamos que Draghi deverá enfatizar que é cedo ainda para reverter esses apoios [à liquidez no sector financeiro]", acrescenta.

Mario Draghi deverá voltar também a aludir ao riscos negativos no que diz respeito à actividade económica na Europa. Hoje o Eurostat divulga a taxa de desemprego relativa a Fevereiro e saem também os dados PMI sobre a actividade no sector dos Serviços na Zona Euro, duas oportunidades para tomar o pulso à evolução da conjuntura económica no Velho Continente.

Do outro lado do Atlântico, o destaque da semana vai para o relatório mensal sobre o mercado de trabalho, os chamados "payrolls". Além da taxa de desemprego, o relatório inclui uma estimativa sobre o número de empregos não-agrícolas criados durante o mês de Março nos EUA.

"Acreditamos que terão sido criados 205 mil novos postos de trabalho, uma desaceleração face ao ritmo médio de 250 mil postos de trabalho nos últimos três meses", escreve o RBC Capital Markets. O banco de investimento acrescenta que "acreditamos que as condições meteorológicas mais favoráveis no Inverno deram um impulso aos números do emprego nos últimos meses, pelo que uma correcção em baixa poderá estar na calha".

Em Lisboa, o destaque vai para o mercado de dívida e para o leilão duplo de bilhetes do Tesouro por parte do IGCP, na quarta-feira. A operação inclui a abertura de uma linha de bilhetes do Tesouro a 18 meses, informou na quinta-feira o instituto que gere o crédito público português, confirmando as indicações dadas recentemente pelo organismo de que "há procura no mercado" por dívida com essa maturidade.