OPEP critica recusa dos EUA em permitir aumento do preço do petróleo
Mohamed Sanuzi Barkindo, engenheiro nigeriano que lidera a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), falava aos jornalistas após uma reunião, em Luanda, com o conselho de administração da petrolífera angolana Sonangol, no quadro da visita de trabalho de dois dias a Angola.
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"Os Estados Unidos foram afectados negativamente quando houve a crise de 2015 e 2016 e até mesmo em 2017. Percebemos. Mas ressalvamos que é necessário manter a estabilidade no mercado de petróleo e que isso é bom para os Estados Unidos e para as petrolíferas norte-americanas. Mas, para nós, era necessário mantermo-nos focados e não ceder a essa falta de responsabilidade", referiu Barkindo.
Segundo o secretário-geral da OPEP, os países produtores, as empresas multinacionais e nacionais e consumidores "estão todos no mesmo barco".
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"Lançámos um diálogo [de âmbito] energético com os Estados Unidos e temo-nos encontrado com diversas empresas do sector norte-americano. Acreditamos que as decisões que tomámos são não só boas para a OPEP como também para os produtores e ainda para os países consumidores", sublinhou.
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"Os Estados Unidos, que são hoje o maior produtor de petróleo do mundo, que se tornou recentemente um exportador líquido de crude para os mercados internacionais, terão benefícios, assim como para os países que são grandes consumidores, como a China, a Índia, Japão e outros. Vivemos uma economia global e a nossa indústria é também global", frisou.
O foco, prosseguiu, é criar estabilidade entra a oferta e a procura, sendo necessário "equilibrar" o mercado, razão pela qual a OPEP não fixa os preços do petróleo, pois é o próprio mercado que os determina.
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Nesse sentido, Barkindo escusou-se a avançar o que poderia ser um preço ideal para a OPEP. "Focamo-nos apenas na estabilidade. Sempre que vemos o mercado estabilizado, é bom para nós, produtores, e para os consumidores. Não podemos tomar medidas só no interesse dos países produtores porque queremos continuar a equilibrar a oferta e a procura nos mercados globais. Preços altos não são bons para os consumidores, preços baixos não são bons para os produtores. Temos de encontrar um equilíbrio e isso é o que nós, na OPEP, estamos a tentar fazer", sublinhou.
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Barkindo acrescentou que foi essa a decisão tomada na reunião anual da OPEP, que decorreu a 6 e 7 deste mês, em Viena, onde os membros do cartel e os seus aliados (incluindo a Rússia) decidiram cortar a produção em 1,2 milhões de barris/dia, o que equivale a 2,6% do total.
"Estou confiante em que a decisão que tomámos em Viena irá permitir evitar que aconteça em 2019 o que sucedeu em 2015 e 2016. Testemunhámos um colapso nos mercados do petróleo que chegou aos 80%, o que levou a produção a atingir níveis sem precedentes de mais de 400 milhões de barris de petróleo ao longo de quase cinco anos. O que decidimos foi reduzir a oferta de forma a equilibrar os preços", sintetizou.
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Em relação a Angola, e também sobre a decisão da reunião de Viena, Barkindo mostrou "satisfação" por as autoridades de Luanda terem assinado o acordo e por a Sonangol ir implementá-lo.
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Sobre a visita a Luanda, Barkindo indicou que, sendo Angola um país "líder" da organização, é "normal" o secretariado-geral da OPEP visitar frequentemente os Estados-membros, de forma a informá-los sobre as actividades e aferir os progressos nacionais de cada um deles.
"Monitoramos, numa base diária, as actividades diárias dos Governos dos Estados-membros e as companhias nacionais e disseminamos essas informações", acrescentou.
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Barkindo, que chegou domingo a Luanda, que deixa ao início da manhã de quarta-feira, elogiou ainda as reformas em curso no sector petrolífero angolano. "O que vi hoje na Sonangol é altamente recomendável e todos nós devemos apoiar os esforços da Sonangol e do Governo angolano para reposicionar a indústria petrolífera angolana no caminho do crescimento e desenvolvimento", concluiu.
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