Moody's corta rating da China

Foi a primeira vez em quase 30 anos que a agência reduziu a notação financeira à segunda maior economia do mundo, citando a elevada dívida e riscos de potencial desaceleração.
Bloomberg
Paulo Zacarias Gomes 24 de Maio de 2017 às 07:39

A agência de notação financeira internacional Moody's cortou esta quarta-feira, 24 de Maio, o rating da China num patamar, de Aa3 para A1. Esta foi, de acordo com a Bloomberg, a primeira vez desde 1989 que aquela agência reviu em baixa a notação da China. 

O corte foi justificado pela expectativa de riscos de potencial desaceleração da segunda maior economia do mundo ao mesmo tempo que aumenta o peso da dívida e o "fardo" para o Estado. A queda de reservas monetárias e a capacidade das autoridades desenvolverem reformas também foi notada.

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Por outro lado, há receios de que o perrfil de crédito do país possa desagregar-se nos próximos anos, com a desalavancagem do sector financeiro a poder penalizar os objectivos de crescimento de pelo menos 6,5%, como pretendido. Segundo a Bloomberg, o crédito por liquidar no país pesava 260% do PIB no final de 2016, acima dos 160% de 2008.

Em reacção, os mercados financeiros do país acentuaram o sinal vermelho, mas viriam a recuperar pertoi do final da sessão. O índice bolsista de Xangai chegou a cair 1,29% para mínimos de sete meses para fechar a ganhar 0,1%. Já o tecnológico Shenzhen Composite chegou a recuar 1,8% para fechar a subir 0,53%. O Hang Seng de Hong Kong recuou um máximo de 0,42% e sobe 0,02%.

O yuan, a moeda chinesa, caiu 0,05% em relação ao dólar, enquanto os juros da dívida do país em mercado secundário, na maturidade a 10 anos, estão em 3,68%, próximos de máximos de dois anos.

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De acordo com o Financial Times, outros mercados da região asiática, como o japonês, acabaram por beneficiar do optimismo dos ganhos de Wall Street da noite passada e conseguiram contornar o efeito da descida de "rating".

Em resposta às reservas manifestadas pela Moody's, o ministério das Finanças chinês considerou que os receios são "absolutamente infundados" no que diz respeito à possibilidade de o financiamento das entidades locais e das empresas públicas aumentar os passivos contingentes do Estado.

Além disso, cita a Bloomberg, Pequim considera que a agência subestimou a capacidade do Governo de aprofundar as reformas e impulsionar a procura.

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"Os investidores internacionais têm estado a adoptar cautela em relação à China, mesmo antes disto, por isso não foi inteiramente uma surpresa para os mercados," disse à Reuters Kyoya Okazawa, do BNP Paribas Securities, esperando que o efeito se faça sentir no curto prazo.

(Notícia actualizada às 8:42 com novas cotações)

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