Celso Filipe cfilipe@negocios.pt 23 de Setembro de 2010 às 10:27

A realidade tal como ela é

"Mentir pode ser um exercício de inteligência em que a realidade é reinventada".

Este raciocínio, sinuoso, mas altamente tentador, foi passado ao papel por Pedro Paixão no livro "Cala a minha boca com a tua".

A mentira, enquanto instrumento de manipulação, tem sido frequentemente utilizada na literatura portuguesa. Basta evocar o poema de Fernando Pessoa "o poeta é um fingidor/que finge tão completamente/que chega a fingir que é dor/a dor que deveras sente", para validar esta tese. Em matéria de aforismos, que contemplam o efeito de tal acção - a de mentir - também estamos bem servidos: "a mentira tem pernas curtas" remete para uma inevitabilidade.

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Uma mentira até pode proporcionar boas situações, mas o fim é geralmente nesfasto. "Sei que é impossível voltar atrás, recomeçar tudo de novo", constata Pedro Paixão.

A mentira, sendo a negação da realidade ou a construção de uma realidade paralela (o que vai dar ao mesmo) é sempre um passo em frente em direcção ao abismo.

Aqui chegado bem que pode pensar que acabou de ler uma série de lugares comuns.

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É admissível. Contudo, a realidade empresarial portuguesa mostra bem o conjunto de mentiras - "realidades reinventadas" - que foram sendo construídas e desfeitas ao longo do tempo.

Pela simples razão de que os pressupostos para a sua existência não se justificavam.

Portanto, se quer empreender, lembre-se de falar verdade e olhar para a realidade como ela é - e não como gostaria que fosse. Um bom princípio é fazer um plano de negócios. Parece básico?! Pois! Mas o mais difícil, mesmo, é manter as coisas simples. O resto é efabulação.

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