Empreender nos negócios que fazem enriquecer

Na passada semana escrevi um artigo que explicava que não é por ser-se empresário que se fica necessariamente rico. Esta semana escrevo sobre os riscos de empreender em negócios que fizeram outros empreendedores tornarem-se ricos. Como lidar com o histórico dos empreendedores que enriqueceram em determinadas áreas de negócio e o que fazer, são os temas que abordo esta semana.

Se analisarmos de uma forma geral os 10 mais ricos do mundo, podemos ver que maioritariamente enriqueceram com negócios que estão na base das nossas necessidades diárias, como ter uma casa, área em que investiu Carlos Slim, o homem mais rico do mundo, começando com a venda de condomínios e terrenos na cidade do México, ou ter um local onde comer, a área da restauração, onde também Carlos Slim investiu. Ter roupa para vestir como fez Amancio Ortega no sector do vestuário, onde já supera Buffet na sua riqueza, e por ultimo naquilo em que nas ultimas décadas, já o mundo pessoal e empresarial depende, como é o caso das tecnologias de informação onde Larry Ellison, o co-fundador da Oracle, e o famoso Bill Gates, o fundador da Microsoft, investiram.

Com este resumo podemos concluir que afinal para enriquecermos devemos dedicar-nos aquilo que nos é básico no dia-a-dia, ou seja, comer, ter uma casa, vestir e poder utilizar as tecnologias de informação tanto a nível pessoal como a nível profissional. Não é que não seja verdade, pois os milhões falam por si, mas a diferença entre eles e todos os outros, para além da gestão do negócio em si, é o momento e a circunstância em que conseguiram aproveitar esta oportunidade.

Um exemplo disso é o sector imobiliário. No cenário actual quem é que vai ficar rico, começando hoje a investir no sector imobiliário, sector que está em profunda crise, que viveu momentos de bolha como em Espanha, e que hoje desvalorizou fortemente, e que despede e entra em insolvência de forma descontrolada. Enriquecer neste sector, só inovando, mas inovar também não é fácil, nem barato. Teria assim de se reinventar o sector para criar um novo milionário no sector imobiliário.

Como tal e como primeira regra, os empreendedores não podem traçar o seu destino, tentados por notícias ou artigos que vêem escritos, e que explicam em que sectores os outros enriqueceram, pois os factores actuais do mercado marcam a diferença, e tem de ser tomados em conta.

A segunda regra é não investir num sector que não se domina, ou seja, não devemos abrir um negócio, mais uma vez impulsionado pelo comentário anterior, ou por estar simplesmente na moda, pensando que se vai ficar rico. Um empreendedor que inicia o seu negócio, deve ter tido na sua origem uma razão forte para o fazer, como por exemplo algo que via como uma oportunidade, face a uma necessidade não satisfeita e necessária no mercado, e da qual tem conhecimento, ou uma ideia que já andava a desenvolver e que identificou como apetecível para o mercado. O factor importante é que domine o que está a fazer, caso contrário não deve ser empreendedor mas sim investidor, perfis diferentes e com exigências igualmente diferentes, nomeadamente na vertente da capacidade de investimento e na gestão das participadas para o caso do investidor.

A terceira regra é ter em atenção que mesmo que domine o negócio, e que o momento é o adequado, bem como a necessidade do mesmo no mercado, é saber diferenciar aquilo que ele, como empreendedor, sabe e pode fazer face a outro que está no mesmo negócio. Um exemplo disto, é o fenómeno Facebook. Antes do Facebook já existiam outras redes sociais mais tímidas, mas o sucesso ficou e ainda está, do lado de Mark Zuckerberg.

Esta é a realidade que um empreendedor deve ouvir antes de seguir caminhos que o podem enganar a si mesmo. Sempre digo que um empreendedor deve ser um sonhador, pois alguém com os pés demasiado na terra, não é, desde o meu ponto de vista, um empreendedor que pode alcançar um sucesso estrondoso, mas também não deve ser alguém que se move de acordo com as modas, ou tendências, pois elas também podem estar, como estão em muitos casos, erradas, pois basta para isso seguir as analises dos consultores que variam todos os anos quanto às tendências, bem como as avaliações que fazem de negócios que não tem futuro e que afinal foram um sucesso. Isto é obviamente natural que aconteça de forma repetitiva, pois se soubéssemos o que nos espera no futuro, era muito mais fácil saber o que fazer e enriquecer sem risco.

TOME NOTA

1. Siga o seu instinto e não o dos outros.

2. Empreenda na área em que domina.

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*Fundador e líder executivo da Zonadvanced - Grupo First