Portugal à venda?
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Fala-se que Portugal está à venda, onde os preços são bastante atractivos muito devido à actual conjuntura em que Portugal se encontra.
Hoje em dia, bastantes sectores estão nas mãos de estrangeiros. Em 2011, a EDP foi privatizada, tendo a empresa Chinesa Three Gorges (CTG) pago ao Estado português cerca de 2,69 milhões de euros por 21,35% da EDP. Um ano mais tarde, foi a vez da EDP Renováveis. Os mesmos chineses da CTG compraram 49% da EDP Renováveis Portugal. Ainda em 2012, a REN foi alvo, onde a chinesa State Grid juntamente com os árabes da Oman Oil compraram 25% e 15%, respectivamente da empresa pioneira no transporte de electricidade em Portugal. No final de 2013, deu-se a Oferta Pública de Venda (OPV) dos CTT. Foi, sem dúvida, um passo muito importante para a empresa de correios portuguesa que, no entanto, teve a maior parte do seu capital comprado por investidores vindos do exterior. No início de 2014, as seguradoras entraram nesta onda. A sociedade de capital de risco chinesa, Fosun International, comprou a Caixa Seguros, detentora da Fidelidade e Multicare, que juntas controlam 30% do mercado segurador português. Mais recentemente, foi a vez dos Espírito Santo começarem a desfazer-se do seu espólio na área da saúde e seguradoras. Primeiro, a Tranquilidade foi vendida à gestora norte-americana de activos, Apollo Global Management. Curiosamente, a Tranquilidade estava a ser usada para garantir um crédito de 700 milhões de euros que o BES tinha sobre o Espírito Santo Financial Group, mas, no entanto, o valor pago pela Apollo para comprar a empresa foi menos de um décimo do que a seguradora estava avaliada. Mais tarde, a Espírito Santo Saúde entrou numa guerra acesa de ofertas. Os mexicanos da Ángeles, os portugueses da José de Melo Saúde, os americanos da UnitedHealth, os chineses da Fosun, e até uma possível ideia de nacionalização lançada pelo Partido Comunista Português estiveram em cima da mesa. Mais uma vez, os chineses acabaram por apresentar uma oferta mais vantajosa e por ganhar a corrida à compra da ES Saúde.
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Também no sector das viagens, a ES Viagens foi comprada pelo fundo suíço, Springwater, que mais tarde foi noticiado como um dos potenciais interessados à compra da Portugal Telecom. Não só o fundo suíço, como também a Apax Partners, a Bain Capital, a Altice e Isabel dos Santos foram apontados como possíveis compradores da empresa de telecomunicações portuguesa.
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Há muito que se fala sobre uma eventual privatização da TAP, e mais recentemente sobre a venda do BESI ou ainda sobre a venda do Novo Banco. Como já referi, embora tanta dinâmica a envolver empresas portuguesas possa ser um sinal positivo de confiança em Portugal, não posso deixar de me questionar sobre quando isto irá terminar? De facto, é impossível não pensar com alguma preocupação que grande parte dos nossos activos mais valiosos está a ser vendida. Todas estas vendas são o resultado de um país que há muito está endividado e sente necessidade de diminuir a sua dívida. Recentemente, Alexandre Soares dos Santos deu o seu parecer relativamente ao investimento chinês em Portugal, defendendo que tal investimento não traz factores positivos para o país. Na minha opinião, o tempo o dirá.
Membro do Nova Investment Club
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