Mariano Cabaço 28 de Novembro de 2017 às 19:23

Misericórdias - identidade e missão

As Misericórdias em Portugal, pela sua atuação permanente ao longo de cinco séculos, afirmaram-se como instituições incontornáveis da nossa sociedade.

Na sua origem estiveram variadas causas, destacando-se a organização da assistência aos mais necessitados que, à época, vinha conhecendo realidades díspares e muitas vezes ineficazes. Era, pois, importante dar corpo a este serviço de auxílio e apoio aos mais necessitados e nada melhor do que acolher o modelo já experimentado com sucesso nas congéneres italianas.

 

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As Misericórdias nascem em Portugal também com o propósito de um serviço desinteressado e abrangente aos diversos problemas sociais e humanitários da sociedade.

 

Com uma permanência exemplar ao longo de gerações, as Misericórdias baseiam a ação num dinamismo de forte identidade e na firmeza convicta da sua missão. Identidade que lhes confere uma singular forma de estar e um modelo organizativo bem estruturado e sólido.

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São instituições que emergem da sociedade com a força do serviço e a responsabilidade do compromisso. Em cada comunidade são as pessoas que se organizam para prestar serviços às pessoas. Aqui reside o grande segredo e a verdadeira essência destas instituições. Assumem-se também como um agente intermediário entre quem dá e quem recebe. Este aspeto constituiu-se como um dos fatores de grande afirmação das Misericórdias. Numa sociedade estigmatizada pela pobreza e pelas relações fortemente hierarquizadas, havia que proteger os mais vulneráveis livrando-os de relações de dependência e muitas vezes de exploração desumana.

 

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As Misericórdias vão também dar resposta a uma pobreza envergonhada que levava muitas vezes as suas vítimas a sofrer na solidão e no desespero da intimidade porque a sua posição social os desaconselhava a mostrar as vulnerabilidades em público.

 

As Misericórdias resolvem, como nenhuma outra instituição, esta problemática, num respeito escrupuloso pela dignidade humana. Pedem bens a quem os pode dar e distribuem-nos a quem deles necessita. Nesta equação, quem dá não conhece quem recebe, evitando qualquer tentação de pressão e quem recebe não conhece quem dá, protegendo-se dessa dependência e humilhação.

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Outra realidade excecional deste movimento é o juramento do compromisso - estatutos - ato em que os responsáveis da instituição afirmam, bem claro, os objetivos e as regras de atuação nos diferentes campos em que a Misericórdia intervém. A assunção plena da missão que lhes está confiada, garante a disponibilidade e a entrega desinteressada, inspiradas nas catorze "Obras de Misericórdia", sete corporais e sete espirituais. Esta proposta de ação, podemos afirmá-lo, tem sido ao longo de séculos um dos programas mais completos, abrangentes e inovadores da história das instituições. Tanto assim é que muitas Constituições dos Estados aí se inspiram para garantir e salvaguardar a dignidade do ser humano nas suas diferentes facetas.

 

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A atualidade permanente deste programa tem permitido um serviço imediato de respostas eficazes aos problemas de cada tempo.

 

A interpretação renovada das "Obras de Misericórdia", e a sua tradução em atos concretos, garante um serviço constante de grande proximidade e assegura a coesão social e humanização das comunidades. Os mais de dez mil voluntários que acompanham e dirigem as cerca de quatrocentas Misericórdias portuguesas são disso testemunho. Também os quarenta e cinco mil trabalhadores que acolhem, servem e se dedicam ao cuidado diário de mais de cento e setenta mil pessoas constituem a maior riqueza deste movimento solidário.

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A missão está bem definida e o trabalho prestado diariamente garante às Misericórdias uma forte presença no território e a afirmação da sua secular identidade.

 

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Cooperação entre Montepio e Instituto Politécnico de Santarém

 

Foi assinado, na passada segunda-feira, um Protocolo de Cooperação entre a Associação Mutualista Montepio e o Instituto Politécnico de Santarém. Esta parceria tem como objetivo o apoio ao desenvolvimento do mestrado em Gestão de Organizações de Economia Social, já na sua 6.ª edição, nomeadamente através da matrícula de colaboradores do Montepio no curso a expensas da mutualidade e da realização de ações de divulgação do mutualismo.

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Pós-graduação em Economia Social na Universidade de Coimbra

 

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Estão abertas, até dia 6 de janeiro, as candidaturas ao curso de pós-graduação em Economia Social - Cooperativismo, Mutualismo e Solidariedade, edição de 2017-2018, promovido pelo Centro de Estudos Cooperativos e da Economia Social da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Além de licenciados, podem também candidatar-se não licenciados com experiência profissional muito relevante em entidades da economia social.

 

Diretor do Gabinete de Património Cultural da União das Misericórdias Portuguesas 

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