Imortalidade e passado digital
Recorremos ao álbum de fotografias da família ou às bibliotecas para recordarmos quem somos, para construir a nossa identidade individual e colectiva.
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No digital, paradoxalmente, a questão não é simples. O saudoso jornalista Miguel Gaspar escreveu que o digital estava a criar uma sociedade de fantasmas. Se somos utilizadores de redes sociais, parte do registo da nossa memória está lá. Lembramo-nos frequentemente ou fazem-nos lembrar (por exemplo, no Facebook a função da cronologia). A informação que deliberadamente colocamos e a que colocam sobre nós (boa ou má) é eterna em termos digitais. A morte não a elimina. O direito ao esquecimento surge com o digital. A morte digital é apenas uma função dos resultados de pesquisa.
Se as redes sociais facilitam a integração num único formato da informação sobre nós, nos sites a complexidade é tremenda. Construídos em momentos diferentes, com tecnologias diferentes e muitas vezes incompatíveis, as versões sobrepõem-se ao invés de se acumularem. Mesmo que capturemos várias imagens ao longo do tempo, a memória não é viva.
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O projecto Wayback Machine (www.archive.org/web/) da organização sem fins lucrativos Internet Archive, está a criar um arquivo digital que contempla a dimensão tempo. Podemos ver a evolução de sites desde a sua primeira versão até aos dias de hoje. Por exemplo, como era o design do site do Jornal de Negócios em 2010 ou o primeiro site da Microsoft em 1996. São mais de 430 mil milhões de páginas catalogadas. Podemos associar o nosso site para memória futura e com regularidade o Wayback vai capturando a informação do seu design. Tudo em prol da memória e da imortalidade digital, no entanto, bem longe da qualidade de conteúdos de uma biblioteca física e/ou digital.
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Para sermos completos e imortais basta reformular o sábio ditado: "Plantar uma árvore, escrever um livro, ter um filho e estar nas redes sociais."
Responsável de Marketing no SAS Portugal
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