Novidades permanentes?
A FRASE...
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"O presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, definiu hoje como uma 'excelente notícia' a indicação de que a Comissão Europeia decidiu recomendar o encerramento do Procedimento por Défice Excessivo (PDE) aplicado a Portugal desde 2009."
Lusa, Jornal de Negócios, 22 de Maio de 2017
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A ANÁLISE...
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Repetidamente a comunicação social tem anunciado a saída de Portugal do "procedimento de défices excessivos". Há vários meses que isto não é novidade para ninguém. Tal teria de acontecer, mais dia menos dia. O esperado anúncio da Comissão Europeia reflete, em primeiro lugar, o sucesso do Estado na execução orçamental e no controlo das contas públicas e, depois, o bom desempenho da economia, que tem demonstrado grande capacidade de resiliência e de afirmação na cena internacional, por via do turismo e das exportações.
O que existe de novo na notícia de hoje está nos compromissos assumidos pelo Governo com "reformas estruturais". Que compromissos? Com a reforma do mercado laboral, compatibilizando o combate ao trabalho precário com a sustentabilidade da Segurança Social? Com medidas de reforço da competitividade, recapitalizando e recuperando empresas com baixa produtividade e em dificuldades, em paralelo com a promoção do empreendedorismo e de novos investimentos?
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Trago este assunto à reflexão, simplesmente para ilustrar os muitos outros casos em que as notícias da comunicação social são simplesmente novidades. Isso mesmo, novidades com vago conteúdo informativo, que não seja aquele a que instantaneamente se pode aceder num "tweet". A propósito, a recente da venda do Novo Banco é um episódio da mesma série. A operação foi anunciada como concretizada e finalizada, mas deixando de fora detalhes, como a conversão de empréstimos obrigacionistas em capital, ou a representação dos interesses do Estado, que continua a deter uma participação relevante na instituição.
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De facto, num e noutro caso, trata-se de detalhes. Contudo, não sem importância, porque fazem toda a diferença no desfecho final. À falta de melhor, especula-se com base em informação incompleta e truncada. Paradoxalmente, na sociedade da informação abundante, as notícias não passam de instantâneas e insistentes repetições de "novidades".
Artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
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Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.
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