Marques Mendes: Presidente deixou de ser o protagonista dos elogios fáceis à governação
O MÉDICO OBSTETRA
- Neste caso absolutamente escandaloso e chocante todos falharam:
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Falhou a Secção Disciplinar da Ordem dos Médicos. Foi preciso surgir um caso mediático e grave com este médico para que a Ordem dos Médicos o suspendesse
Falhou o médico
Nos últimos dias falhou também o Governo. Já devia ter chamado à pedra os serviços do Estado que falharam e a Secção Disciplinar da Ordem dos Médicos
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- No final, fica a sensação de sempre – que somos um país que falha sempre na fiscalização. É o nosso grande calcanhar de Aquiles. No início, para autorizar qualquer serviço ou estabelecimento, é uma burocracia interminável. A partir daí, fiscalização nem vê-la. É o Estado no seu pior.
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AS CLAQUES DE FUTEBOL
- Já várias vezes abordei a vergonha que são as claques dos clubes de futebol. Desta vez, volto ao tema para fazer um elogio e uma crítica:
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Segundo
- Verdadeiros Estados dentro do Estado;
- Autênticas escolas de crime, designadamente no âmbito da droga;
- Protagonistas da marginalidade e da violência dentro e fora dos estádios.
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- Se houver um jogo importante, uma taça para atribuir ou um troféu para entregar, lá está garantidamente um Ministro ou um Secretário de Estado. As claques insultam, ameaçam, espalham a violência e o terror e os Governos nada fazem. Simplesmente lamentável.
A POSSE DO GOVERNO
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- Discurso de Marcelo – Foi justo, foi distante e falou para memória futura.
Foi justo ao falar do passado – Elogiou o Governo, mas temperou os elogios, recordando as ajudas da conjuntura externa e do Governo anterior e reiterando que muito ficou por fazer, na política, na economia e no social.
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Foi distante ao analisar o presente
Falou para a memória futura
É um discurso diferente de um Presidente que está diferente. Não é nem crítico nem oposição ao Governo. Mas deixou de ser o protagonista dos elogios fáceis à governação. É uma nova fase do mandato presidencial
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- O discurso do PM tem três momentos-chave.
Segundo momento
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Terceiro momento
Foi quando, ao falar das próximas eleições – sobretudo presidenciais e autárquicas – disse: "Cada eleição vale por si e nenhuma se substitui às demais ou altera o mandato da Assembleia da República ora eleita."
Formalmente, isto é uma verdade de La Palisse. Mas, neste contexto, num discurso escrito, dito pelo chefe de um governo minoritário, tem uma leitura política óbvia: António Costa está com medo. Medo de um mau resultado nas autárquicas; medo do segundo mandato de Marcelo; medo de eleições antecipadas.
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É um PM que parece ao ataque mas na prática está à defesa. Um PM que, antes de mais, está psicologicamente frágil. É o primeiro passo para a fragilidade política.
GOVERNO PARA QUATRO ANOS?
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- As coisas com este Governo não vão correr bem, sobretudo a partir de 2021. Mas o Governo vai durar mesmo assim os quatro anos do mandato.
- Por que é que as coisas não vão correr bem? Porque cheira a fim de ciclo. De resto, este Governo tem várias semelhanças com o terceiro Governo de Cavaco (91/95) que também foi de fim de ciclo:
- Ministros cansados e esgotados;
- Discurso e programa que são mais do mesmo;
- Presidência da UE que vai gerar desgaste interno;
- Abrandamento económico;
- Uma remodelação a meio, em 2021, como sucedeu com Cavaco. Vão sair, pelo menos, Santos Silva e Centeno (porque querem sair) e os Ministros da Saúde, da Educação e da Ciência;
- A sucessão de Costa, tal como sucedeu com Cavaco. Esta foi a última eleição de Costa e este será o seu último Governo. Ora isto, daqui a dois anos, vai ser fatal – o PM vai perder autoridade e as lutas internas no PS vão ser desgastantes.
- Mesmo assim, acho que o Governo durará quatro anos: primeiro, porque António Costa não se demite. Quando ele disse "Comigo não haverá pântanos", o que ele quis dizer foi que não se demitirá como fez Guterres; depois, porque a oposição não o consegue derrubar. A esquerda toda juntar-se a toda a direita para derrubar um Governo de esquerda é uma missão quase impossível.
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- Falando da sucessão de Costa no PS, a curiosidade vai ser quem disputará a liderança com Pedro Nuno Santos. Será Fernando Medina? Ana Catarina Mendes? Francisco Assis? Um dos três é garantido.
A SAÍDA DE DRAGHI
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- Mario Draghi cessou as suas funções de Presidente do BCE. É um momento especial. Há pessoas que passam pelos lugares sem deixarem uma impressão digital. Há outros que deixam uma marca fortíssima. Foi o caso de Draghi.
- Mario Draghi teve uma acção notável:
Segundo
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Terceiro
Quarto
Finalmente
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Em suma: fez história e fica na história.
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