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Falta de uniformização fragiliza certificação energética na União Europeia

Discrepâncias entre países e até dentro de fronteiras nacionais levantam dúvidas sobre a fiabilidade dos Certificados de Desempenho Energético, avisa relatório.

28 de Agosto de 2025 às 17:22
reabilitação urbana, ARU, prédios, casas, obras, edifícios
reabilitação urbana, ARU, prédios, casas, obras, edifícios Mário Cruz
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A inconsistência dos padrões dos Certificados de Desempenho Energético (EPC) na União Europeia (UE) está a criar desigualdades significativas na avaliação de edifícios comerciais, alerta um novo relatório da Savills. Um imóvel que atinja a classificação máxima num país pode, noutro, ser desvalorizado em até quatro níveis.

O problema não se limita às diferenças entre Estados-membros, mas verifica-se também dentro das próprias fronteiras nacionais, onde são apontadas contradições. Na Bélgica, por exemplo, um edifício com idêntico desempenho energético, que é medido em kWh/m2/ano, seria classificado como “C” na Flandres, mas apenas “D” ou até “F” em Bruxelas, onde se aplicam critérios mais exigentes. A nível europeu, a disparidade repete-se, diz o estudo. 

“Com a introdução prevista da EPBD IV [Diretiva Europeia sobre o Desempenho Energético dos Edifícios], entre 2028 e 2030, deverá ocorrer uma harmonização das classificações”, diz Nuno Fideles, responsável de sustentabilidade da Savills. “No entanto, tal como o estudo sublinha, será crucial analisar o consumo real dos edifícios medido em kWh/m2/ano. É essa métrica que fará a diferença para utilizadores e investidores”, defende.

A análise CRREM (Carbon Risk Real Estate Monitor), acrescenta, permitirá aferir se um edifício cumpre não só as metas anuais da UE até 2050, como também os objetivos de sustentabilidade já assumidos por inquilinos e investidores.

Para os autores, a falta de harmonização na classificação energética na UE e no Reino Unido “evidencia um desafio para investidores”, já que torna difícil comparar realidades entre os diferentes países. 

Por outro lado, destaca Sarah Brooks, da Savills World Research, as diferenças podem trazer oportunidades, embora impliquem uma aposta forte em “due diligence detalhada” que é apontada como “determinante”. “Estratégias de investimento devem considerar políticas locais, expectativas do mercado e incentivos disponíveis. Muitas vezes, obter vantagem competitiva implica ir além dos requisitos nacionais, alinhando com as metas das cidades e com planos de sustentabilidade de longo prazo”, sugere.

O estudo conclui que a harmonização europeia dos certificados será essencial para dar consistência e transparência ao mercado, permitindo comparações justas e decisões de investimento mais informadas. Até lá, a recomendação passa por olhar sobretudo para os consumos reais dos edifícios e não basear decisões de investimento apenas no rótulo energético.

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