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Índia precisa de investir 2,4 biliões de dólares até 2050 para resistir às alterações climáticas

Cidades indianas enfrentam riscos crescentes de calor extremo, cheias e subida do nível do mar, alerta o Banco Mundial.

22 de Julho de 2025 às 17:15
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A Índia terá de investir mais de 2,4 biliões de dólares até 2050 para construir infraestruturas urbanas resilientes ao clima, avisa esta terça-feira o Banco Mundial. Com a população urbana a duplicar até meados do século, os centros urbanos do país mais populoso do mundo enfrentam desafios cada vez maiores causados pelas alterações climática, desde chuvas irregulares a ondas de calor e inundações.

"A necessidade de construir cidades resilientes à escala é clara", afirmou Auguste Tano Kouamé, diretor do Banco Mundial para a Índia, durante a apresentação do  Towards Resilient and Prosperous Cities in India. “Ao investir em desenvolvimento urbano mais verde e resiliente — incluindo habitação, transportes e serviços municipais — as cidades podem mitigar melhor os impactos do calor extremo e das cheias, mantendo-se como motores de crescimento e criação de emprego”, apontou.

Segundo o relatório, cerca de 70% dos novos empregos na Índia até 2030 vão ser gerados nas cidades, o que, aliado à rápida expansão urbana e à falta de infraestruturas adequadas, está a agravar os impactos dos fenómenos climáticos extremos. Mais de 144 milhões de novas habitações serão necessárias até 2070 e as zonas urbanas já registam aumentos de temperatura de três a quatro graus face às áreas em volta devido ao efeito de ilha de calor.

As perdas anuais causadas por inundações urbanas estão atualmente estimadas em 4 mil milhões de dólares, um valor que, sem intervenção, poderá subir para 5 mil milhões até 2030 e atingir os 30 mil milhões em 2070. O Banco Mundial defende que “ações atempadas podem evitar danos e perdas anuais de milhares de milhões, enquanto se investe em infraestruturas e serviços municipais resilientes e eficientes”.

O investimento atual em infraestruturas urbanas no país corresponde a apenas 0,7% do PIB, muito abaixo das referências globais. “É necessário um aumento significativo do financiamento público e privado”, sublinha o relatório, que defende maior coordenação entre os vários níveis de governo e maior envolvimento do setor privado em áreas como abastecimento de água, saneamento, gestão de resíduos sólidos e edifícios sustentáveis.

Asmita Tiwari e Natsuko Kikutake, coautoras do relatório, destacam, porém, que já existem exemplos inspiradores no terreno. “Muitas cidades indianas estão a mostrar o caminho, beneficiando de boas práticas e acelerando ações para um crescimento urbano resiliente”, apontaram. Entre os exemplos citados estão o plano de ação contra o calor de Ahmedabad, os sistemas de alerta de cheias de Calcutá e o sistema moderno de gestão de resíduos de Indore.

No entanto, os autores avisam que a janela de oportunidade está a fechar-se rapidamente e que é preciso agir mais rápido. “Mais de 50% da infraestrutura urbana necessária até 2050 ainda está por construir”, alerta o documento. Aproveitar essa margem de manobra para apostar em soluções resilientes poderá salvar mais de 130 mil vidas até 2050 e proteger milhões de outras do impacto crescente da crise climática.

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