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Relatório da ONU alerta que as metas climáticas estão cada vez mais distantes

Novo relatório mostra que, sem ação imediata, limitar o aquecimento global a 1,5 graus será impossível. Emissões globais atingiram 57,1 GtCO2e em 2023.

21 de Abril de 2025 às 18:00
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O Emissions Gap Report 2024, publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP), traça um diagnóstico preocupante: o mundo está muito longe de cumprir as metas climáticas acordadas em Paris. Com o subtítulo "No more hot air… please!" ("mais ar quente não, por favor", em português), o documento denuncia a distância entre os compromissos assumidos e a ação real dos países signatários.

Segundo o relatório, as emissões globais de gases com efeito de estufa atingiram 57,1 GtCO2e em 2023, um aumento de 1,3% em relação a 2022. O setor da energia continua a ser o maior emissor, com destaque para a produção de eletricidade (15,1 GtCO2e) e o transporte (8,4 GtCO2e). A aviação internacional registou um crescimento de 19,5% em comparação com o ano anterior, lê-se ainda.

Para conter o aquecimento global em 1,5 graus, conforme previsto no Acordo de Paris, as emissões precisam de ver uma queda de 42% até 2030 em relação aos níveis de 2019. Para a meta de 2 graus, a redução necessária é de 28%. No entanto, as políticas atuais estão longe de ser suficientes para atingir os objetivos. O relatório estima que, mesmo com a implementação integral das promessas atuais, o planeta caminha para um aquecimento de 2,6 a 2,9 graus até ao final deste século.

"As promessas atuais não chegam sequer perto do que é necessário", alerta o relatório. "Se as emissões globais não forem reduzidas significativamente até 2030, será impossível seguir um caminho compatível com 1,5 graus", escreve o UNEP.

O cenário é agravado por profundas desigualdades, avisam ainda os autores. O G20 responde por 77% das emissões globais, mas muitos dos seus membros não estão a cumprir as suas próprias metas. "Onze membros do G20 estão fora do rumo para alcançar as suas NDCs [Contribuições Nacionalmente Determinadas, em português] com as políticas atuais", aponta-se. Enquanto isso, os países menos desenvolvidos representam apenas 3% das emissões, mas estão entre os mais vulneráveis às mudanças climáticas.

Outro dado alarmante é que sete países do G20 ainda não atingiram o pico de suas emissões, o que compromete as metas de neutralidade climática. "Para esses países, antecipar o pico de emissões e acelerar as reduções é crucial para atingir os seus objetivos de net zero", lê-se.

Apesar do cenário crítico, há caminhos viáveis. Tecnologias como a energia solar e eólica podem representar até 38% do potencial de redução de emissões em 2035, enquanto soluções baseadas na natureza, como a reflorestação, permitem cerca de 20% de contribuição. "O potencial técnico-económico de mitigação é suficiente para fechar a lacuna de emissões, desde que as políticas e os investimentos sejam ampliados rapidamente", afirma o relatório.

Para isso, seria necessário multiplicar por seis os investimentos globais em mitigação e reformar o sistema financeiro internacional para apoiar países em desenvolvimento. O investimento incremental estimado para a transição climática varia entre 837 mil milhões e 1,95 biliões de euros por ano até 2050.

"Peço a todas as nações: chega de conversa fiada. A hora de agir é agora. Cada fração de grau evitada conta", apela Inger Andersen, diretora-executiva da UNEP.

 

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