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Municípios não usaram reforço de 41 milhões para aumentar reciclagem, diz SPV

"Com o aumento dos valores de contrapartida não deveríamos estar a assistir a um decréscimo da reciclagem de embalagens, pelo contrário", diz a SPV, com base nos números do primeiro semestre de 2025.

09 de Julho de 2025 às 17:13
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reciclagem Lusa / Arquivo
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Ao ritmo atual, Portugal chegará ao final de 2025 "muito longe de atingir as metas de reciclagem de embalagens definidas". O alerta foi deixado novamente esta quarta-feira pelas entidades gestoras Sociedade Ponto Verde e Novo Verde, face aos fracos resultados da recolha e reciclagem de embalagens no primeiro semestre. Até ao final do ano, o país tem de garantir a recolha seletiva de 65% de todas as embalagens colocadas no mercado.  

No entanto, os números agora divulgados pela SPV e Novo Verde - relativos ao Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens - mostram um crescimento "insuficiente" e "residual" nas toneladas totais que resultaram da recolha seletiva e reciclagem de resíduos de embalagens entre janeiro e junho: mais 1,8% face a igual período de 2024, para 231 mil toneladas. Ou seja, na primeira metade do ano foram enviadas apenas mais 4.009 toneladas para reciclagem, do que no período homólogo.  Na visão das duas entidades, este ritmo de crescimento terá de ser significativamente maior para assegurar o cumprimento das metas de reciclagem estabelecidas para os próximos cinco anos.

O cenário é ainda mais preocupante no que diz respeito ao vidro, cuja recolha, em vez de aumentar, registou uma diminuição (-1% por comparação com o mesmo semestre do ano passado), o que significa que foram recicladas menos 1.300 toneladas deste material, num total de 99.321 toneladas recolhidas. Portugal recicla atualmente apenas cerca de 50% das embalagens de vidro, ficando significativamente aquém da meta europeia de 70% já para este ano. Nas embalagens de cartão para alimentos líquidos (ECAL) foram recolhidas menos 405 toneladas, num total de 4.044 toneladas (ou seja, -9%).

Quanto aos restantes materiais, os dados do SIGRE revelam que foram encaminhadas para a reciclagem 78.486 toneladas de papel/cartão (+4%), 42.844 toneladas de plástico (+3%) e 1.030 toneladas de alumínio (+1%), sendo que este é também um material que merece atenção, uma vez que, apesar da subida, está bastante longe de conseguir atingir a meta de reciclagem proposta.

“Os dados do primeiro semestre de 2025 reiteram a urgência de reforçarmos a articulação entre todos os agentes da cadeia de valor, de forma a tornar o sistema mais eficiente e a tentar, já a caminho da reta final do ano, que Portugal cumpra as metas de reciclagem de embalagens definidas para 2025”, destaca a CEO da Sociedade Ponto Verde, Ana Trigo Morais."

A SPV sublinha que em 2025 o SIGRE (e as entidades gestoras que o integram) aumentou o financiamento aos serviços municipais e multimunicipais de recolha seletiva de resíduos de embalagens, através dos valores de contrapartida, que atingiram um montante de 95 milhões de euros, o que significa um reforço de 41 milhões ao sistema."

"68,5 milhões de euros foram pagos pela Sociedade Ponto Verde no primeiro semestre de 2025, mais 39 milhões do que no período homólogo", disse a SPV em comunicado, frisando que "os valores de contrapartida atualmente em vigor devem garantir que os investimentos façam a diferença e que melhorem a performance do setor".

"É, por isso, imperativo exigir um melhor desempenho. Com o aumento dos valores de contrapartida não deveríamos estar a assistir a um decréscimo da reciclagem de embalagens, pelo contrário. O valor que estamos a pagar é suficiente para investir em mais inovação, mais soluções. As operações de recolha municipais e multimunicipais têm de estar mais focadas na qualidade e conveniência, assegurando que uma maior quantidade de embalagens é encaminhada para a reciclagem. Só assim será possível melhorar o desempenho global do sistema", diz a entidade. 

Por seu lado, Pedro Simões, diretor-geral da Novo Verde, diz que "os números do primeiro semestre de 2025 são um claro sinal de alerta. Se não acelerarmos o passo, corremos o risco de não cumprir as metas europeias. O decréscimo na recolha de vidro é particularmente preocupante e exige uma ação imediata e concertada. Precisamos de olhar para todos os canais de recolha e ter uma reflexão crítica sobre onde e como podemos promover ganhos de eficiência de captação, em prol de uma maior e melhor reciclagem".

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