Relógios: A feira das verdades

Na Baselworld deste ano debateu-se o futuro da indústria. Mas também se apresentaram muitas novidades que vão marcar os próximos meses.
Fernando Sobral 01 de Abril de 2017 às 14:00

A Baselworld é um enorme relógio: tudo parece funcionar na perfeição. Mas na mais imponente feira de relojoaria (e joalharia), entre pavilhões glamorosos e muitas novidades tentadoras, sente-se o tempo da crise. Depois de quatro anos eufóricos de vendas, entre 2011 e 2015, as exportações relojoeiras suíças caíram 10%, retomando valores de 2011. E isso traduz-se no número de expositores: 1300 este ano, menos 200 que no ano passado e quase menos 700 do que em 2011.

O presidente dos expositores, Eric Bertrand, está confiante nas "bases sólidas" dos que trabalharam correctamente, algo que se nota no optimismo de muitas marcas. Algumas estão desejosas de integrar as evoluções tecnológicas e comerciais, dos relógios conectados às vendas na Internet. Nos corredores, discute-se, no entanto, uma questão fulcral: que actividades serão possíveis manter dentro da Suíça face aos custos de produção? Será que as regras de alta percentagem de incorporação de produto suíço são passíveis de permanecer num mundo competitivo como este?

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Não é a primeira vez que a indústria se defronta com desafios como este: nos anos 70, o choque petrolífero fez com que fosse cortado um crescimento que muito julgavam eterno. E a chegada do quartzo fez o mesmo. Mas a indústria adaptou-se e sobreviveu. É o que se espera agora.

Sobram por isso as novidades. E foram muitas, como iremos dar contas ao longo das próximas semanas. Basta olhar para a edição limitada do Omega Speedmaster 60th Anniversary, para o belo Breitling Navitimer Rattrapante, para o clássico e atraente Longines Flagship Heritage 60th Anniversary, para o envolvente Tissot Excellence, para o sóbrio Senator Excellence Perpetual Calendar da Glashutte, para o requinte do Automata Loving Butterfly Automaton da Jaquet Droz ou para a notável Marine Collection da Breguet.

Nota-se uma aposta forte em modelos que transmitem a herança e a qualidade da alta relojoaria, embora nem todas as marcas estejam alinhadas nas estratégias sobre os preços (deve apostar-se em modelos mais baratos ou manter o nível?). O instável contexto económico é, assim, um factor que poderá determinar as respostas para as muitas questões colocadas sobre a mesa. Há sinais de alguma retoma nas vendas dos últimos três meses de 2016, com franco crescimento na zona Ásia-Pacífico e na Grã-Bretanha (muitos esperavam agora para ver o que se passará depois do atentado de Wesminster). Ou seja, os tempos não cabem numa bola de cristal.

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O grupo Swatch (que tem marcas como a Omega ou a Tissot) pareceu muito confiante nos resultados em 2017. Há claramente opções: há mais relógios nas gamas de preços mais baixos e mais relógios para o público feminino, cruzando-os com a área da joalharia. Resta agora saber como se comportarão os consumidores.

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