Virgolino Faneca revela os outros interrogatórios a Sócrates
Prezada Alice Sei que te desunhas por novidades do caso Sócrates e/ou da Operação Marquês e que, nesta medida, terás ficado de papinho cheio com as revelações televisivas feitas pela CMTV e pela SIC, tendo como pano de fundo os interrogatórios ao ex-primeiro-ministro. Nelas se comprova, pelo comportamento do dito, que os animais ferozes não gostam mesmo de ser enjaulados. Dito de outra forma, a exiguidade do espaço onde as conversas decorreram permite três conclusões imediatas: 1) a de que a desmaterialização dos serviços públicos é uma miragem; 2) a de que José Sócrates não convive bem com espaços fechados; 3) a de que no Ministério Público se cultiva um estilo cinematográfico inspirado em Manoel de Oliveira, i.e., um único e prolongadíssimo plano para contar uma história.
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Sei que te desunhas por novidades do caso Sócrates e/ou da Operação Marquês e que, nesta medida, terás ficado de papinho cheio com as revelações televisivas feitas pela CMTV e pela SIC, tendo como pano de fundo os interrogatórios ao ex-primeiro-ministro. Nelas se comprova, pelo comportamento do dito, que os animais ferozes não gostam mesmo de ser enjaulados. Dito de outra forma, a exiguidade do espaço onde as conversas decorreram permite três conclusões imediatas:
1) a de que a desmaterialização dos serviços públicos é uma miragem;
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2) a de que José Sócrates não convive bem com espaços fechados;
3) a de que no Ministério Público se cultiva um estilo cinematográfico inspirado em Manoel de Oliveira, i.e., um único e prolongadíssimo plano para contar uma história.
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Feito este intróito, segue uma confissão. Tenho, em meu poder (poderia ter, mas não poder), DVD inéditos com outras inquirições a José Sócrates, os quais possuem a vantagem de terem sido filmados por um primo do Quentin Tarantino. De modo que estamos sempre à espera de ver a Uma Thurman irromper com um sabre para servir a justiça numa bandeja, ou o Christoph Waltz a entrar com o Django na sala, apresentando-se como dentista.
E é material do bom. Muito bom, mesmo. Só para que percebas a magnitude do que estamos a falar, deixo-te aqui uns exemplos dos interrogatórios de Carlos Alexandre e Rosário Teixeira a José Sócrates.
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Carlos Alexandre (CA): Já ouviu a expressão "o diabo veste Prada"?
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José Sócrates (JS): O senhor juiz que me desculpe, mas isso não é uma expressão, é o título de um filme com a Meryl Streep.
CA: Então comprou o casaco para a Meryl Streep?
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JS: Nem sequer a conheço. Porque lhe havia de comprar um casaco?
CA: Então comprou um casaco Prada para quem?
JS: Para o procurador Rosário Teixeira.
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CA: Não terá sido para o seu filho?
JS: Não foi o senhor juiz que disse que o diabo veste Prada?
CA: Vamos lá ver se nos entendemos…
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JS: …Pois, mas diabo é que o meu filho não é.
CA: Ó Uma Thurman, podes chegar aqui?
JS: Quem é a Uma Thurman?
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CA: É uma senhora habituada a cortar as unhas a animais ferozes. Já vai ver, não custa nada.
Já com o procurador, a conversa versou outros temas, igualmente telúricos.
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Rosário Teixeira (RT):O senhor não me levante a voz.
JS: Eu ainda nem sequer abri a boca!
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RT: Mas já sei que vai levantar a voz.
JS: Pois. Está a ver. Isso prova o que digo. O senhor procurador acusa sem provas.
RT: Não é verdade.
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JS: Como se atreve a dizer que fui corrompido pelo doutor Salgado?
RT: Eu ainda não disse isso.
JS: O sr. procurador não pode ser assim, uma virgem vestal.
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RT: E o Carlos Santos Silva.
JS: O Carlinhos, se não me emprestasse dinheiro, ficava deprimido. Eu, como gosto de pessoas sãs a meu lado, aceitava.
RT: Espere que vou chamar um dentista para lhe extrair o siso.
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JS: Esse já não tenho.
RT: Não faz mal. Ó Christoph Waltz, pode vir aqui por obséquio? E traga aquele black & decker de dentista que tem um tambor de seis brocas.
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É isto. Fantástico, não achas?
Um ósculo deste teu,
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Virgolino Faneca
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