Chovia torrencialmente. António Maria Pereira levantou-se cedo para o seu primeiro dia de trabalho. Tinha apenas 14 anos. A mãe, empregada doméstica, conseguiu meter uma "cunha" junto do patrão que era amigo do director da fábrica de Albarraque da Celulose do Guadiana, uma empresa do grupo CUF. Foi só preciso esperar que o rapaz terminasse a 4.º classe. Para garantir que chegava a horas, às 5 da manhã, António já estava na rua. "Quando apanhei o comboio (no Cais do Sodré) ainda era de noite", recorda. Como não conhecia o caminho, atrapalhou-se e saiu na estação errada. "Eu era muito pequenino, quando vi a placa de Carcavelos já o comboio tinha passado", diz a rir. Resultado: chegou 20 minutos atrasado ao trabalho. Teve sorte. Não levou um puxão de orelhas.