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Vão-se lá fender

Quem poderá hoje pedir, como o poeta Herberto Helder, ‘dai-me uma jovem mulher com sua harpa de sombra e seu arbusto de sangue, com ela encantarei a noite’?

22 de Setembro de 2019 às 10:00
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Ninguém voltará a pintar a mulher nua. A dulcíssima indolência carnal das "Banhistas" e das "Grandes Banhistas", que Pierre-Auguste Renoir pintou há mais de cem anos, é varrida com escândalo para debaixo do tapete pelo austero progressismo de género da revista New Yorker. Há 40, mesmo 30 anos, eu juraria, olhos rasos de lágrimas, mão sobre a New Yorker, muito mais do que sobre a Bíblia. Depois vi os novíssimos catecismos invadir-lhe as páginas, o reaccionarismo teórico-progressivo a julgar as artes, o cinema, agora a pintura. O pintor Renoir, diz um crítico, deve ser corrido do cânone: o olhar masculino e patriarcal ofende. Ora, se a vogal inicial me dá licença, vão-se lá fender!

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