Desconheço os deveres e as obrigações de quem recebe condecorações ao mais alto nível da nação, mas se eu fosse o Presidente da República determinava que alguns dos agraciados seriam obrigados (ok, convidados) a andar pelo país a falar à população sobre as experiências e os feitos que estiveram na origem das distinções recebidas. Apesar da pátria ser "pequena para tantos peitos", a verdade é que há gente condecorada com vidas tão ricas quanto injustamente desconhecidas. Olga Martins, CEO da Lavradores de Feitoria, é só um caso. Condecorada recentemente por Cavaco Silva com grau oficial da Ordem de Mérito Empresarial - Classe do Mérito Agrícola - por ser uma gestora exemplar num projecto pioneiro na viticultura nacional (junta numa só marca 15 produtores e 18 quintas no Douro), deveria, no meu juízo, ser convidada a dissertar publicamente noutras regiões vitícolas e agrícolas sobre a experiência de uma empresa que, em 15 anos, conseguiu o que muitos julgavam ser impossível fazer em Portugal: meter de lado os individualismos, reunir esforços e ganhar massa crítica para competir lá fora.