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Transportes e Logística 2025

A nova corrida da logística é a última milha

Micro-hubs urbanos, veículos autónomos, alianças com retalhistas locais, maior aposta na digitalização e em soluções verdes vão definir os próximos anos.

15:44
Nuno Gaspar, senior manager da unidade de consultoria da Capgemini Portugal
Nuno Gaspar, senior manager da unidade de consultoria da Capgemini Portugal

Em apenas uma década, o comércio eletrónico transformou o quotidiano dos consumidores e a forma como os operadores logísticos planeiam, organizam e executam as suas operações. A pressão para entregar encomendas cada vez mais depressa, de forma mais barata e sustentável está a reposicionar a “última milha” – o último trajeto antes de chegar ao cliente final – como o verdadeiro campo de batalha competitivo. A equação já não se resume a entregar rápido: é preciso fazê-lo com custos controlados, impacto ambiental reduzido e experiências personalizadas.

Para Nuno Gaspar, senior manager da unidade de consultoria da , a resposta está em redes logísticas mais inteligentes e próximas do cliente. “A Capgemini considera que a evolução do last mile é um aspeto crítico para responder às expectativas dos clientes e para garantir a rentabilidade no e-commerce. O uso de micro-hubs urbanos, capacitando as lojas para as entregas, e de dark stores é vital para garantir encomendas atempadas, redução de custos e prazos de entrega mais curtos”, avança este responsável.

Na prática, significa que uma loja de bairro pode tornar-se num ponto de abastecimento urbano para agilizar a distribuição e aproximar os produtos do consumidor. Ao mesmo tempo, armazéns dedicados, fora do olhar público, organizam os fluxos de forma automatizada e eficiente. “Para retalhistas com presença física limitada, recomendamos parcerias com comerciantes locais, crowdsourcing e incentivos a colaboradores que permitam assegurar as entregas”, sublinha Nuno Gaspar.

Para retalhistas com presença física limitada, recomendamos parcerias com comerciantes locais, crowdsourcing e incentivos a colaboradores que permitam assegurar as entregas. Nuno Gaspar, senior manager da unidade de consultoria da Capgemini Portugal

Acelerar a inovação

A pressão não é exclusiva de grandes plataformas internacionais. Também em Portugal, empresas logísticas têm investido para acompanhar os volumes crescentes, prazos mais curtos e consumidores mais exigentes.

Segundo Afonso Jubert Almeida, presidente da direção da , essa preparação está em curso e a maioria dos players tem investido em tecnologia, automatização, digitalização, melhoria contínua, processos lean, armazéns mais modernos e sustentáveis e num crescente aumento de viaturas elétricas. “Empresas como a Rangel, CTT, DPD, DHL, TorresTir, Santos e Vale ou Luís Simões são bons exemplos dessa forte aposta em dar resposta positiva a clientes cada vez mais exigentes.” O investimento em veículos elétricos e em soluções de armazém mais verdes reflete também a pressão da sustentabilidade, um dos fatores que mais moldam a logística contemporânea.

A dimensão reduzida do território nacional e a cultura de proximidade podem, afinal, ser uma vantagem competitiva para os operadores nacionais face a gigantes internacionais.  “A logística centrada no cliente, com entregas agendadas, devoluções simplificadas e tracking em tempo real, pode ser um forte diferenciador competitivo para as empresas portuguesas”, considera Nuno Gaspar. A agilidade operacional, a proximidade cultural e a capacidade de personalização permitem oferecer experiências mais convenientes e fiáveis aos consumidores. “Enquanto os gigantes globais apostam na escala, os operadores portugueses podem destacar-se pela flexibilidade, transparência e excelência de serviço no last mile.” O equilíbrio, defende o responsável da Capgemini, deve passar por tecnologia aliada à humanização do serviço, garantindo que o cliente permanece no centro da operação.

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