Almaraz: De uma notícia nos jornais a uma queixa na Comissão Europeia
A 16 de Janeiro Portugal enviou uma queixa para a Comissão Europeia: Espanha quebrara todas as regras ao avançar com a construção de um armazém para os resíduos provenientes da Central Nuclear de Almaraz e havia que fazer aplicar a directiva da Avaliação de Impacto ambiental. Esta terça-feira, 24 de Janeiro, o ministro do Ambiente foi ao Parlamento e, a pedido dos deputados do PSD, foi enviado um documento a explicar o que está a ser feito, bem como a correspondência que tem trocado com Espanha. Tudo começou com uma notícia nos jornais.
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23 de Setembro de 2016 – Os jornais noticiaram que o Conselho de Segurança Nuclear espanhol dera parecer positivo à construção de um Armazém Temporário Individualizado para depósito de resíduos nucleares na Central de Almaraz. O Governo português não fora ouvido sobre a decisão do Executivo espanhol.
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29 de Setembro – Entram em acção os canais diplomáticos e o Ministério do Ambiente enviou à homóloga espanhola uma carta dando conta da preocupação portuguesa e avisando que o país queria ter uma palavra a dizer na Avaliação de Impacte Ambiental. Pedia-se, igualmente, uma reunião urgente.
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17 de Outubro – Num encontro informal com a ministra Isabel Garcia Tegerina, João Matos Fernandes foi informado de que afinal até havia um processo de consulta pública que havia sido iniciado em Outubro do ano anterior.
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19 de Outubro – Nova carta para Espanha, desta vez a solicitar a participação de Portugal no processo de avaliação do impacte ambiental. O Governo não sabia ainda, lê-se no documento enviado ao Parlamento, que em Espanha já tinha sido proposta a necessária Declaração de Impacte Ambiental , que posteriormente viria a ser autorizada pelo Executivo espanhol.
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7 de Novembro – O Governo espanhol autorizou a Declaração de Impacte Ambiental, dando luz verde à construção do aterro de resíduos. Portugal só teria conhecimento disso a três dias depois.
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11 de Novembro – Os ministros espanhóis do ambiente e da Economia enviaram ao Executivo português a dita Declaração de Impacte Ambiental e enformaram que não haveria impactos transfronteiriços e que, por isso mesmo, Portugal não fora consultado.
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1 de Dezembro – Tendo já na mão uma análise entretanto pedida à Agência Portuguesa do Ambiente. João Pedro Matos Fernandes escreveu novamente a Espanha. Pedia nova reunião urgente, que não fosse emitida licença de construção do aterro e salientando que as normas comunitárias que obrigavam a uma consulta transfronteiriça haviam sido violadas.
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Foi de facto marcada a dita reunião, para 12 de Janeiro, mas entretanto em Espanha o processo decorria, como se nada se passasse. Tanto que, a 14 de Dezembro, foi mesmo emitida a licença de construção do aterro, publicada oficialmente a 28 de Dezembro.
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12 de Janeiro de 2015 – João Matos Fernandes ainda ameaçou faltar, mas acabou por reunir com o Governo espanhol e foi formalmente informado de que não havia disponibilidade para a realização da Avaliação de Impacte Ambiental transfronteiriça e de que em 2018 seria emitida licença de exploração.
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16 de Janeiro – Portugal avança com queixa junto da Comissão Europeia. Alega incumprimento, por parte do Governo Espanhol, da Directiva de Avaliação de Impacte Ambiental e pede que sejam de imediato suspensas as obras de construção do aterro. Espera-se agora um parecer, que deverá surgir num prazo de 90 dias. Só depois disso será possível avançar com uma queixa em tribunal.
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24 de Janeiro – João Matos Fernandes foi ao Parlamento, a uma audição solicitada por Os Verdes. E foi peremptório ao admitir que, em todo este processo, foi "quebrada a confiança", garantindo, ainda assim, que as relações entre os dois "países vizinhos e amigos", não foram afectadas. Ao mesmo tempo, disse aos deputados que o Governo não iria baixar os braços, e que exigiria ter uma palavra a dizer também no processo de prolongamento de vida da central de Almaraz, que de 2020 deverá passar para 2030.
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