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Portugal vai queixar-se em Bruxelas por construção de aterro por Espanha

Portugal vai apresentar queixa em Bruxelas contra Espanha depois de os Governos dos dois países não terem conseguido chegar esta quinta-feira a acordo sobre a construção de um aterro nuclear na central de Almaraz, que Lisboa contesta.

JOÃO MATOS FERNANDES ministro do Ambiente
JOÃO MATOS FERNANDES ministro do Ambiente Miguel Baltazar
12 de Janeiro de 2017 às 13:50

"Portugal vai solicitar a intervenção de Bruxelas neste caso. [...] Havendo aqui um diferendo [...] ele tem de ser resolvido" pela Comissão Europeia, disse o ministro do Ambiente português, João Matos Fernandes, à saída de uma reunião com a sua homóloga espanhola, Isabel García Tejerina, e com o ministro da Energia, Álvaro Nadal.

O Governo português defende que no projecto de um aterro de resíduos junto à central nuclear de Almaraz "não foram avaliados os impactos transfronteiriços", o que está contra as regras europeias.

"O que é exigido por Portugal é que se reconheça que não foi cumprida a directiva europeia de impactos ambientais" e Lisboa tem "a fortíssima expectativa que a UE determine que se faça esta avaliação de impactos transfronteiriços", insistiu João Matos Fernandes, acrescentando que, "em princípio, na próxima segunda-feira", o caso será apresentado em Bruxelas.

Por outro lado, Espanha "deixou claro que não há nenhuma decisão tomada" ainda sobre a continuação de funcionamento da central de Almaraz para além de 2020.

Segundo o ministro português, Espanha também "foi clara no sentido de dizer que há ainda uma licença de exploração que tem de ser passada e essa licença só será passada mais ou menos daqui a um ano".

"A obra [do aterro nuclear], segundo o Governo espanhol, está licenciada e tem condições para poder iniciar-se" disse João Matos Fernandes.

Fonte da central nuclear de Almaraz já tinha assegurado à agência Lusa que a obra de construção do aterro de resíduos ainda não começou.

De acordo com o Boletim Oficial do Estado (BOE), uma resolução de 14 de Dezembro de 2016, da Direção-Geral de Política Energética e Minas, o Governo espanhol "autoriza a execução e montagem da modificação do desenho correspondente ao Armazém Temporário Individualizado da Central Nuclear Almaraz, Unidades I e II".

No texto do BOE, publicado após os pareceres favoráveis por parte do Conselho de Segurança Nuclear (CSN) e da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, o executivo espanhol autorizou a construção do armazém temporário individualizado (ATI) da central de Almaraz de acordo com as condições impostas pelo CSN espanhol.

O processo para a construção do ATI teve início em 18 de Novembro de 2015, quando o director-geral das Centrais Nucleares de Almaz-Trillo (CNAT) solicitou a autorização para a construção do armazém de resíduos nucleares, com o objectivo de resolver as necessidades de armazenamento do combustível gasto nos reactores.

A funcionar desde o início da década de 1980, a central está situada junto ao Tejo e faz fronteira com os distritos portugueses de Castelo Branco e Portalegre, sendo Vila Velha de Ródão a primeira povoação portuguesa banhada pelo Tejo depois de o rio entrar em Portugal.

A central nuclear de Almaraz tem dois reactores nucleares, cada um com uma "piscina" para guardar o lixo nuclear, prevendo-se que a do "reactor 1" alcance o limite da sua capacidade em 2018.

Segundo Almaraz, o ATI a construir vai ser necessário para armazenar qualquer material radioactivo, mesmo aquele que resultar da desactivação da central em 2020, como está previsto.

Os ambientalistas portugueses desconfiam que a decisão de construção do ATI seja o primeiro passo para prolongar a vida da central para além de 2020.

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