Reciclagem é a melhor solução para os lixos urbanos
Todos os dias produzimos lixo que em grande parte podia ser separado para reciclagem, mas esse ainda não é um hábito entre muitas famílias portuguesas. Demasiadas famílias, no entender daqueles cujo trajecto profissional está ligado à área do ambiente. A reciclagem conquista cada vez mais adeptos, mas ainda há muito a fazer.
Todos os dias produzimos lixo que em grande parte podia ser separado para reciclagem, mas esse ainda não é um hábito entre muitas famílias portuguesas. Demasiadas famílias, no entender daqueles cujo trajecto profissional está ligado à área do ambiente. A reciclagem conquista cada vez mais adeptos, mas ainda há muito a fazer.
A reciclagem apresenta mais--valias comparativamente a outros métodos de tratamento do lixo, como os aterros e a incineração. Rui Berkemeier, da Quercus, explica que em relação aos aterros há especificamente o problema da ocupação desnecessária de solos ou da emissão de gás metano, entre outros. No caso da incineração há a considerar, por exemplo, a emissão de gases de estufa pela queima de plástico derivados do petróleo. É por isso que a reciclagem se constitui como a melhor solução ambiental para o tratamento do lixo urbano
Sílvia Menezes, da DECO concorda: "Os impactos dos aterros são tremendos, embora os da incineração sejam menores, porque este é um processo recente em Portugal, logo as estruturas beneficiaram do que foi aprendido com o passado".
O aumento das taxas de reciclagem é um bom indicador da evolução do comportamento dos portugueses. Contudo, muito ainda deverá ser feito, numa política que terá de continuar centrada em acções de informação e sensibilização das pessoas.
"Os sistemas de recolha evoluíram e desde há muitos anos que reciclar não é só por as garrafas no vidrão ou o papel no papelão", refere a técnica da DECO Proteste, lembrando a existência dos pilhões, electrões e mesmo dos ecocentros, infra-estruturas preparadas para acolherem resíduos que, por exemplo, ainda não ganharam um contentor próprio, como os chamados entulhos, e onde se podem também entregar colchões, paletes, móveis, computadores, etc. "A informação avançou, mas parou nos ecopontos, que nem sequer estão devidamente adaptados ao tipo e quantidade de lixo que hoje produzimos", acusa Sílvia Menezes.
Avaliando a aposta nos ecopontos como "efectivamente esgotada", Rui Berkemeier aponta ser necessário evoluir para processos mais modernos e amigos do utilizador, como é o caso da recolha selectiva porta-a-porta. Seria também importante introduzir um sistema de tratamento mecânico e biológico de resíduos urbanos.
Já no campo da sensibilização, Rui Berkemeier sugere que deviam ser apresentados mais exemplos de produtos feitos com base em materiais reciclados, como é o caso de muitos dos pavimentos nos parques infantis, cercaduras de jardim ou mesmo de mobiliário. Seria também importante que as entidades públicas dessem mais prioridade aos produtos reciclados.
Nada como começar por reduzir para não existir tanta necessidade de reciclar. "Não há qualquer legislação em Portugal que diga que as embalagens só podem ocupar um volume X vezes o produto que acondiciona", explica Sílvia Menezes. Podemos ter uma lâmpada dentro de uma embalagem que tem seis vezes o seu tamanho. "Só de pensar em toda a carga ambiental que pouparíamos, se reduzíssemos o tamanho das embalagens em apenas um terço...", conclui a responsável da DECO.
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