Fim da guerra na Ucrânia? Líderes falam em avanços, mas linhas vermelhas persistem
Negociações não deverão terminar esta semana. Líder alemão fala na necessidade de sentar a Rússia à mesa das conversações. Já o primeiro-ministro polaco fala em questão delicada e na importância de não perder o apoio americano.
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Os EUA apresentaram um plano, composto por 28 tópicos, como ponto de partida para um cessar-fogo na Ucrânia e início de um potencial processo de paz do país com a Rússia. Mas assim que o plano foi conhecido, as reações negativas não demoraram a surgir – tanto do lado de Kiev, como do lado dos países europeus. Isto porque o dito plano incluía a cedência de território, a redução do exército e renúncia à adesão à NATO por parte da Ucrânia. E sem que o país tivesse sido diretamente consultado para a elaboração deste mesmo plano.
Já neste domingo, reuniões tidas entre líderes ucranianos, europeus e norte-americanos permitiram criar um novo ponto de entendimento entre as partes. Ninguém diz, ao certo, em que consiste esse entendimento e todos dão a entender que continuam a existir arestas por limar (que é como quem diz, propostas que não têm a concordância de todas as partes).
É o próprio Presidente do Conselho Europeu, António Costa, quem fala em "progressos significativos" nas negociações sobre um plano de paz para a Ucrânia. Já Friedrich Merz, chanceler alemão, sublinhou esta segunda-feira que a Europa terá de aprovar todos os aspetos que envolvam a sua segurança num futuro acordo de paz na Ucrânia. "É importante para nós que um plano de paz para a Ucrânia não possa ser estabelecido sem o nosso acordo sobre questões que afetam os interesses europeus e a soberania europeia", afirmou Friedrich Merz, à margem da cimeira UE-África, a decorrer em Luanda, Angola.
"As conversações serviram para chegar a acordo sobre uma posição comum entre a Ucrânia, os EUA e a UE em relação à Rússia", disse, referindo que está agora a ser coordenada uma posição comum dos líderes europeus. Merz quer também a Rússia sentada à mesa das negociações.
"A Rússia tem de estar à mesa das negociações. Se isso acontecer, todos os esforços terão sido justificados, se não, os esforços terão de ser redobrados", sublinhou o chanceler alemão, adiantando que será "um processo trabalhoso", que não deverá terminar esta semana.
Do lado russo, segundo a Reuters, nenhuma informação oficial sobre o processo de paz chegou aos líderes do país.
Já um comunicado conjunto entre a Ucrânia e os EUA aponta no sentido de convergência, de avanços positivos relativamente ao plano original de 28 pontos, mas ainda sem acordos definitivos. Ambas as partes falam num "quadro de paz melhorado", segundo a Reuters, depois das negociações que tiveram lugar em Genebra, na Suíça, neste domingo.
A delegação ucraniana vai esta segunda-feira reportar diretamente ao Presidente Volodymyr Zelensky o resultado das negociações. Já o Presidente dos EUA, Donald Trump, escreveu na rede social Truth Social uma mensagem com alguma carga enigmática: "Será possível que esteja a ser feito um grande progresso nas conversações de paz entre a Rússia e a Ucrânia? Não acreditem até verem, mas pode estar a acontecer algo bom".
O próprio Trump que, há dois dias, atacava Volodymyr Zelensky, dizendo que a "liderança ucraniana tem mostrado zero gratidão pelos nossos esforços". Um mal-estar que parece ter ficado sanado durante o fim de semana. Mas a fragilidade da relação está à vista de todos e mereceu inclusive um reparo do primeiro-ministro polaco, Donald Tusk. "Esta é uma questão delicada e ninguém quer desencorajar os americanos e o Presidente Trump de termos os EUA do nosso lado neste processo".
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