Acordo para a Grécia discutido pela noite dentro
No fim de mais de sete horas de reunião, o Eurogrupo ainda não tinha conseguido decidir sobre o final do terceiro programa de ajustamento da Grécia. À hora de fecho desta edição, pelas 21h30 em Lisboa, os líderes preparavam-se para retomar os trabalhos sobre a economia grega, prontos para discutir pela noite dentro. Entretanto, já tinham percorrido dossiês como o do aprofundamento da moeda única, ou a avaliação do FMI à zona euro.
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À chegada ao edifício do Conselho no Luxemburgo, a confiança era evidente. "Hoje vai ser um dia histórico para a Grécia e para a Zona Euro", disse o comissário Pierre Moscovici. "Estou confiante de que vamos tomar decisões sobre o pacote da dívida grega que a tornará sustentável e permitirá à Grécia aceder aos mercados de forma sustentável e pelos seus próprios meios", tinha já dito Mário Centeno, durante a conferência de imprensa sobre o relatório anual do Mecanismo Europeu de Estabilidade.
Mas os meandros da decisão revelaram-se mais demorados do que o previsto. E pelas 18h30, quando era suposto a discussão passar para a reforma da zona euro, segundo a ordem de trabalhos que tinha sido definida, ainda havia questões chave por resolver.
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Comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros
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As 88 acções prévias que a Grécia tinha de cumprir para terminar o programa de ajustamento já tinham sido todas reapreciadas. E também já teriam sido fechadas algumas medidas de alívio do peso da dívida. Mas faltava fechar o acordo sobre o alongamento da maturidade da dívida grega, bem como o valor da almofada de liquidez que se pretende que o país tenha quando o programa terminar, a 20 de Agosto.
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Consoante a dimensão da almofada de liquidez pretendida, assim será definido o valor da última tranche de financiamento a libertar para a Grécia. E por isso este ponto em concreto, do valor da tranche, também estava por fechar àquela hora. Por isso, os líderes decidiram passar a outros pontos na ordem de trabalhos, para regressarem mais tarde à Grécia (o combinado foi retomarem o tema quente pelas 21h30, hora de Bruxelas, mas derrapou).
Medir o pulso ao consenso para reformar a zona euro
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A discussão do Eurogrupo continuou com a avaliação do FMI à zona euro, ao abrigo do artigo IV. No final, em conferência de imprensa, Christine Lagarde, presidente executiva do Fundo, deu nota do fundamental: a Zona Euro vai crescer ligeiramente menos do que o que estava previsto até agora, o pico do ciclo já passou, mas o ritmo ainda continua robusto. Seja como for, será preciso tomar atenção aos riscos: a ameaça do proteccionismo, as dificuldades das negociações do Brexit, o nervosismo dos mercados com a reversão de reformas.
Depois, já com os ministros das Finanças também dos Estados-membros que não pertencem à zona euro, os líderes avançaram para os preparativos da Cimeira do Euro. Dito assim parece um ponto menor na agenda, mas para Mário Centeno, também ministro das Finanças português, este é um dia-chave.
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No encontro tratava-se sobretudo de medir o pulso ao consenso, perceber que determinação havia da parte dos ministros das Finanças para dar os desejados "passos firmes" para o aprofundamento da união económica e monetária. E dependente desse sentimento, perceber se haveria margem para levar um entendimento firme já para a Cimeira do Euro, agendada para sexta-feira, 29 Junho, ou se seria sobretudo um reporte dos trabalhos feitos.
Havia pontos com muito pouca controvérsia: por exemplo, a implementação da rede de segurança para o Fundo de Resolução, o chamado backstop, sob a competência do Mecanismo Europeu de Estabilidade. Esta salvaguarda do sistema financeiro deverá ter entre 55 e 60 mil milhões de euros. Mas haveria outros com mais arestas, já que à hora de fecho desta edição a expectativa era a de que o presidente do Eurogrupo fizesse sobretudo um reporte aos líderes, na Cimeira do Euro.
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