FMI avisa que estão a reunir-se condições para a próxima crise financeira
Mais de uma década depois da crise financeira internacional desencadeada pela falência do Lehman Brothers, as condições para uma nova crise estão a reunir-se sem que o mundo esteja preparado para a enfrentar, sustenta o Fundo Monetário Internacional.
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No entender de David Lipton, primeiro vice-director-geral do FMI, citado pelo The Guardian, o enquadramento de "prevenção de crises está incompleto" e pode estar-se na iminência de perder a oportunidade.
"Como costumamos dizer, devemos compor o telhado quando está sol. Mas como muitos de vocês, vejo nuvens negras a formarem-se e receio que o trabalho na prevenção de crises esteja incompleto", defendeu David Lipton numa conferência que decorreu na agência Bloomberg, em Londres.
Este dirigente do Fundo acredita que os Estados por si próprios continuam a não deter capacidade de respostas para travar ou enfrentar uma nova recessão internacional. Como tal, Lipton apela a um trabalho conjunto no sentido de resolver os problemas que poderão provocar o regresso.
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David Lipton mostra preocupação acerca da capacidade dos bancos centrais para enfrentar esse desafio, receando que a política monetária assente na diminuição das taxas de juros permita travar uma nova recessão.
Por outro lado, este membro do FMI avisa que o peso das dívidas públicas detidas pelas autoridades monetárias reduz a margem dos bancos centrais para cortes adicionais aos juros e para reforço dos gastos, por exemplo na compra de activos.
FMI precisa de mais recursos
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O economista lembra ainda que o FMI não dispõe dos recursos necessários para ajudar a combater outra crise e recorda que aquando do último "crash" a instituição liderada por Christine Lagarde estava sem os meios necessários.
Lipton nota também que foi a atribuição de 1 bilião de dólares ao Fundo por parte de governos de todo o mundo que permitiu à instituição sediada em Washington adquirir capacidade de resposta à crise.
"Uma lição que ficou da última crise é que quando ela chegou o FMI não dispunha dos recursos necessários, portanto temos de evitar que isso aconteça da próxima vez."
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Este elemento do Fundo apelou ainda à China para dar novos passos no sentido de uma maior abertura do seu mercado interno e consequente exposição à competição do mercado global. Uma acção que ajudaria a desanuviar o clima de tensão comercial entre Pequim e os Estados Unidos.
Na opinião de David Lipton a China precisa mudar porque também a sua realidade mudou e as políticas comerciais então consideradas "aceitáveis" já não o são agora. Lipton sublinha que quando a China integrou a Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001, a economia chinesa valia 1 bilião de dólares e agora vale 16 biliões.
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