FMI avisa: "O ritmo da recuperação está a abrandar"

O FMI avisa que o ritmo de recuperação económica está abrandar à medida que o contributo do comércio externo diminui. Portugal precisa de reformas: sem elas pode voltar a perder a confiança dos mercados.
26 de Janeiro Christine Lagarde
Rui Peres Jorge 30 de Janeiro de 2015 às 15:50

O ritmo de recuperação económica está abrandar na economia portuguesa devido a um menor dinamismo externo, e este é dos sinais mais perigosos para o desejado reequilíbrio da economia portuguesa, defende o FMI, que considera as empresas exportadoras já estão acomodar-se a melhores sinais do mercado interno, desistindo de conquistar quota nos mercados internacionais.

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"O ritmo da recuperação está a abrandar, à medida que a contribuição das exportações líquidas reduz", lê-se no relatório da primeira avaliação pós-programa do FMI, no qual se sublinha que a recuperação económica está assente numa contínua melhoria do consumo privado "suportado numa redução da incerteza, na maior confiança dos consumidores e no aumento do rendimento disponível". O motor externo, esse, está a abrandar, diagnosticam os técnicos de Washington.

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"Os contributos das exportações líquidas para o crescimento homólogo ficou negativo nos primeiros três trimestre de 2014 devido a uma combinação de factores extraordinários com impacto nas exportações [em particular o encerramento temporário da refinaria de Sines da Galp no primeiro semestre], ganhos limitados de competitividade, e uma recuperação na procura interna por bens transaccionáveis que levou os exportadores e reorientarem-se para o mercado doméstico, invertendo a tendência observada entre 2011-13".

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Para contrariar esta tendência, Portugal deve reforçar o empenho em medidas que permitam ao País aumentar a competitividade e reduzir os níveis de endividamento, em particular o endividamento empresarial. Isso mesmo é descrito por Christine Lagarde, a directora-geral do FMI, num resumo das posições dos directores do Fundo adoptada em Janeiro, e que foi enviado ao Governo português.

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Os directores "avisaram contra um abrandamento do momento de reforma e pediram esforços para reforçar reformas estruturais que reorientem a economia para níveis mais elevados de investimento e exportações, para a reconstrução do 'stock' de capital da economia e para absorção do significativo excesso de desemprego, de forma a que sejam criadas as bases para um crescimento sustentável e inclusivo", lê-se numa nota que distribuída com o relatório, onde se sublinha ainda os directores do Fundo "consideram que a redução do endividamento empresarial também é central para melhorar o ambiente operacional dos bancos e suportar o processo de recuperação dos seus balanços".

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Reformas necessárias para manter acesso aos mercados

No relatório, publicado sexta-feira, dia 30 de Janeiro, os técnicos do Fundo dividem-se entre elogios ao que foi conseguido durante o programa de ajustamento, e avisos quanto à perda de ambição do Executivo, seja nas reformas estruturais, seja na frente orçamental.

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"Enquanto Portugal goza de acesso de mercado a taxas de juro nominais extremamente positivas, mas reformas são necessárias para preservar a credibilidade de política e a confiança dos mercados recuperadas recentemente, à luz dos elevados níveis de endividamento" , consideram os técnicos de Washington, que estimam que com as actuais políticas, o nível da dívida pública nacional esteja ainda em 123% do PIB em 2019.

 

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"Crescimento mais elevado e consolidação orçamental adicional serão críticos para ancorar com segurança a dívida a uma trajectória descendente em 2015 e depois", lê-se no relatório.

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