Líderes europeus em contrarrelógio para garantir financiamento à Ucrânia
É uma corrida contra o tempo. Nos corredores de Bruxelas, os diplomatas europeus tentam tudo para chegarem a uma base de entendimento que permita garantir as necessárias condições de financiamento que mantenham a Ucrânia “à tona” no próximo ano.
Em causa está um empréstimo de 90 mil milhões de euros nos próximos dois anos que aproveita os de 210 mil milhões de euros de ativos estatais russos congelados na União Europeia. O apoio da Bélgica é crucial, uma vez que a a fatia de leão dos ativos congelados se encontra na Euroclear, a gigante de custódia de títulos, com sede em Bruxelas. O primeiro-ministro belga, Bart de Wever, recusa-se a dar o aval sem que os restantes Estados-membros apresentem garantias financeiras e jurídicas substanciais que protejam a Euroclear e o seu governo de futuras retaliações russas.
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De acordo com as agências internacionais, a solução da Comissão Europeia – o chamado empréstimo de reparações – estará cada vez mais longe de ser adotada, com o Executivo comunitário a tentar agora o plano B que passa pela emissão conjunta de dívida, mas que precisa de unanimidade entre as 27 capitais. O presidente do Conselho Europeu, António Costa, já garantiu que a UE não vai obrigar a Bélgica a aceitar o mecanismo desenhado pelos técnicos da Comissão.
Mas a pressão não estará apenas dentro de portas. A administração norte-americana está alegadamente a pressionar os países europeus para desistirem da ideia de usar os ativos russo congelados, adiantou um alto dirigente ucraniano à agência AFP. “Sete países já não apoiam publicamente esta ideia”, afirmou, sob anonimato, a fonte de Kiev.
A mesma fonte referiu que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, vai estar na quinta-feira em Bruxelas, com o objetivo de persuadir os líderes europeus.
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O chanceler alemão voltou, entretanto, a pedir aos seus pares europeus que utilizem os ativos russos na reunião do Conselho que deverá adotar uma decisão sobre o assunto. “A pressão sobre [o Presidente russo, Vladimir] Putin deve aumentar ainda mais para que se possa negociar a sério, e é por isso que precisamos da decisão dos chefes de estado e de governo europeus”, defendeu Friedrich Merz junto dos deputados aos alemães em Berlim, antes de partir para Bruxelas.
Segundo o líder alemão, “trata-se, obviamente, de ajudar a Ucrânia, mas também de enviar um sinal claro à Rússia” de que os países europeus usarão os meios ao seu dispor para pôr fim à guerra.
O Presidente russo, Vladimir Putin, prometeu, por outro lado, a conquista militar do que considerou os “territórios históricos russos” na Ucrânia, numa alusão às quatro regiões ucranianas anexadas por Moscovo, se a diplomacia fracassar.
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“Se o adversário e os seus patrocinadores estrangeiros se recusarem a falar sobre isso, a Rússia alcançará a libertação dos seus territórios históricos pela via militar”, afirmou, citado pela agência espanhola EFE.
Desde que invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, Moscovo declarou como anexadas as regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson, depois de ter feito o mesmo à Crimeia em 2014.
*Com agências
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