Mais longe da maioria, PS só precisa do apoio do BE ou CDU

Mesmo distantes da maioria absoluta, aos socialistas basta o apoio de uma força à sua esquerda, Bloco ou CDU. Apesar de ultrapassar o CDS, o PAN não chega para o PS ter apoio maioritário. Já o PSD encurta para nove pontos a distância para o PS, mas não põe em causa vitória socialista.
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Foto: Lusa Costa Jerónimo Catarina martins
David Santiago 03 de Outubro de 2019 às 08:00

António Costa não precisa reeditar a geringonça para dispor de apoio maioritário no Parlamento, bastando-lhe para tal o apoio isolado do Bloco de Esquerda ou da CDU (coligação entre PCP e Verdes), assim estas forças da esquerda parlamentar estejam disponíveis para embarcar sozinhas numa solução governativa com os socialistas. Já o apoio do PAN não basta para o PS somar o mínimo de 116 deputados que confere maioria absoluta na Assembleia da República.

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Estas conclusões constam da sondagem da Intercampus para o Negócios e o CM, que mostra os socialistas mais longe da maioria absoluta, PSD a crescer, Bloco, CDU e CDS em queda e o PAN à frente dos centristas.

Se o barómetro de setembro colocava o PS à beira da maioria absoluta (114 deputados), bastando-lhe, por exemplo, o apoio do PAN para atingir esse patamar, agora o partido do primeiro-ministro cai 3 pontos percentuais para 35% das intenções de voto e apenas 104 mandatos.

Pelo seu lado, o PSD é a força que mais cresce (além dos sociais-democratas só o PAN sobe), ao avançar 2,5 pontos para 26,1% (77 deputados, número ainda assim bem abaixo dos 89 atuais mandatos). Uma subida registada depois da atitude mais combativa adotada por Rui Rio nos debates e na campanha eleitoral.

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O Bloco perde 1 ponto percentual para 8,7% (17 deputados) e a CDU recua meio ponto para 8% (16 assentos), o que deixa os dois partidos com peso idêntico no Parlamento. Também o CDS cai quase 2 pontos para 4,5% (7 deputados), vendo-se assim ultrapassado pelo PAN que cresce ligeiramente para 5,6%. Assim, enquanto o partido liderado por Assunção Cristas perde 11 mandatos face à última legislatura, o partido de André Silva passa de 1 para 9.

Uma vez que o trabalho de campo deste estudo de opinião começou a ser realizado a 26 de setembro, esta sondagem já integra (mesmo que parcialmente) o efeito dos desenvolvimentos mais recentes no caso de Tancos. Em particular o facto de o ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes, estar entre os 23 acusados pelo Ministério Público, bem como a exigência feita por PSD e CDS de que sejam retiradas conclusões políticas, designadamente as dúvidas levantadas por Rui Rio e Assunção Cristas sobre o grau de conhecimento do primeiro-ministro sobre a farsa em torno do "achamento" do armamento militar furtado.

PS põe esquerda mais forte

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Os líderes dos partidos que integram a atual maioria parlamentar têm sido consistentes em afirmar que qualquer nova solução de governo dependerá da relação de forças resultante das eleições de 6 de outubro. Ora, esta sondagem aponta para um hemiciclo ainda mais inclinado, o que fica a dever-se mais à quebra da direita do que ao reforço da esquerda.

Nas legislativas de 2015, a direita (PSD e CDS) obteve um acumulado de 38,36% (107 deputados) e a esquerda (PS, BE e CDU) chegou aos 50,75% (122 deputados). Agora, e a confirmar-se o resultado projetado pela Intercampus, PSD e CDS juntos não vão além dos 30,6% (84 mandatos), enquanto as forças da geringonça avançam para 51,7% (137 deputados). No entanto, o desequilibrar da balança para a esquerda fica a dever-se em especial ao crescimento granjeado pelo PS, que ganha 18 deputados em relação a 2015, ao passo que Bloco e CDU perdem dois e um mandatos, respetivamente.

Por outro lado, a nova relação de forças é também condicionada pelo crescimento antecipado para o PAN, embora o surgimento de forças emergentes tais como a Iniciativa Liberal, o Livre ou o Chega também contribuam para um maior dispersar de votos, o que acaba por se traduzir na perda de representatividade do conjunto do quadro partidário tradicional.

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Ou seja, comparando os dados deste barómetro com os resultados finais de 2015, verifica-se que, entre os partidos com assento parlamentar, apenas PS e PAN ganham força.

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Margem de Erro: O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de +ou-3,0 %. Taxa de resposta: A taxa de resposta obtida neste estudo foi de: 68,4%.

Mais longe da maioria, PS só precisa do apoio do BE ou CDU
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