Meta do Governo para o PIB de "2,4% está absolutamente fora de causa", diz Nogueira Leite
A economia portuguesa cresceu no segundo trimestre, mas não o suficiente para compensar o recuo dos primeiros três meses do ano. A recuperação foi apenas suficiente para manter o PIB à tona da água: o ritmo de crescimento está praticamente estagnado desde o final de 2024, com o PIB a avançar apenas 0,2% desde então.
António Nogueira Leite diz que, perante estes dados, a meta de crescimento económico fixada pelo Governo para o ano de 2025, de 2,4%, deixa de ser concretizável - no máximo, diz o economista, o PIB poderá crescer 2%.
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"Como o cenário internacional não está melhor do que estava no início do ano, antes pelo contrário, com a política tarifária norte-americana e mesmo assim algum impacto que vai ter esta tarifa de 15% (...) acho que com sorte poderemos chegar aos 2%. Mas 2,4% acho neste momento absolutamente fora de causa", afirmou em entrevista ao programa do Negócios no canal NOW.
Nogueira Leite olha para os mais recentes dados do PIB português como positivos - motivados por uma queda nas importações e bom consumo privado - mas alerta que o "investimento não está como prevíamos que estivesse com o PRR a decorrer". "E por que é que o PRR está a gerar tão pouco investimento? Em parte porque, quer a burocracia europeia, quer sobretudo a burocracia portuguesa são um enorme saco de pedras às costas da nossa economia. Não é por falta de dinheiro, não é por falta de projetos, é porque é impossível em tempo útil selecionar os projetos, pôr os projetos a funcionar e depois financiá-los. Há imenso dinheiro que está retido e depois não chega aos projetos", lamenta.
Quanto às tarifas impostas pelos Estados Unidos à União Europeia, de 15%, acredita que terão "algum impacto" na economia portuguesa, e principalmente para alguns setores para quem o mercado norte-americano é mais relevante. É o caso do da cortiça e do têxtil.
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Já no caso do vinho, a expectativa é que venha a ser fixada uma tarifa inferior. Caso avancem as taxas de 15%, isso "tornará muito difícil a sua intervenção no mercado americano, e não nos esqueçamos que a nossa maior exportação agrícola para os EUA é o vinho, tem claramente peso".
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