Políticas económicas dos EUA são novo risco para a estabilidade financeira, diz BdP

Para além dos riscos geopolíticos e a volatilidade já identificada no ano passado, a política protecionista dos EUA veio adensar os riscos para a estabilidade financeira.
Miguel Baltazar
Ricardo Jesus Silva 21 de Maio de 2025 às 12:35

É mais um risco para a estabilidade financeira do país. A política comercial protecionista e agressiva dos EUA junta-se, este ano, aos riscos geopolíticos e a volatilidade dos mercados que já se assistia no ano passado, de acordo com o relatório da estabilidade financeira elaborado pelo Banco de Portugal (BdP). 

O relatório do BdP refere ainda o aumento das despesas em defesa como um risco a ter em conta, uma vez que vai levar a um maior esforço orçamental. 

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A autoridade monetária acredita que, caso estes riscos se materializem, o impacto na confiança e nas cadeias de valor vai ser substancial, levando, por conseguinte, a uma penalização da economia portuguesa e um aumento na inflação. 

Todos estes fatores têm um impacto nas vulnerabilidades a que a administração pública está exposta. Com um rácio da divida publica em trajetória de redução, mas mantendo-se elevado, o regulador admite uma interrupção na diminuição do rácio de endividamento e um aumento dos prémios de risco para deter dívida pública. 

"Não estamos a dizer que estes riscos se vão materializar, mas estamos a considerar este impacto", refere Clara Raposo, vice-governadora do BdP, na apresentação do relatório. Apesar deste novo contexto, a autoridade monetária continua a prever que a inflação continue em trajetória descendente, convergindo para a meta de 2%, e que a taxa de emprego estabilize no país. 

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Empresas estão mais resistentes a novos choques

O cenário pode ser adverso, mas o BdP não tem dúvidas: as empresas estão mais resilientes a novos choques que possam surgir. E isso comprova-se com uma série de dados relativos ao ano passado e que mostram uma queda no número de insolvências e a uma qualidade de crédito que se mantém em níveis estáveis.

No entanto, Clara Raposo é perentória: "as empresas terão de ser capazes de lidar com taxas de juro que podem ser superiores ao que esperavam", agora que a trajetória de redução da inflação e o crescimento económico estão ameaçados.

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O BdP não excluí o que diz serem "ajustamentos de políticas de gestão" dentro das empresas, principalmente nos setores que estão mais expostos ao novo contexto comercial, como é o caso das companhias bastante dependentes de exportações. 

No campo das famílias, o cenário herdado para este ano é positivo, como demonstrado pela redução do rácio de endividamento e aumento da poupança, mas a materialização dos riscos para a estabilidade financeira pode levar a aumento do desemprego e diminuição da capacidade de serviço da divida. 

Notícia atualizada

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