Wall Street conta com mais uma semana de ganhos, a segunda consecutiva. Os principais índices norte-americanos encerraram a sessão desta sexta-feira em alta, embora sem a pujança do arranque da negociação, impulsionados por uma série de dados económicos que deixam o caminho aberto para a Reserva Federal (Fed) dos EUA continuar a cortar nas taxas de juro.

O S&P 500 terminou a negociação com ganhos de 0,19% para 6.870,40 pontos, enquanto o tecnológico Nasdaq Composite acelerou 0,31% para 23.578,13 pontos e o industrial Dow Jones cresceu 0,22% para 47.954,99 pontos. As valorizações seguem-se a uma sessão na quinta-feira que deixou Wall Street dividida entre ganhos e perdas, num dia em que os investidores estiveram a reagir a sinais de um mercado laboral mais resiliente do que antecipado - obstruindo as perceções dos investidores em torno do futuro da política monetária dos EUA em 2026. 

Já esta sexta-feira, o Gabinete de Estatística norte-americano revelou que o índice de preços das despesas pessoais de consumo (PCE) - o indicador preferido da Reserva Federal (Fed) para medir a inflação - acelerou em linha com o previsto para 2,8% em setembro - um ligeiro agravamento na inflação, mas que não deve tirar um corte nas taxas de juro já na próxima semana de cima da mesa. Ao mesmo tempo, também foram divulgados os dados relativos à evolução do consumo, que mostram um abrandamento nos gastos dos norte-americanos. 

"A Fed vai cortar as taxas na próxima semana. Vão existir algumas divergências e será interessante ver como tudo isso será recebido pelo mercado", antecipa Jed Ellerbroek, gestor de carteiras da Argent Capital Management, à Reuters. "Os mercados adoram reduções das taxas de juro. Vai ajudar a construção residencial e não residencial, vai impulsionar todas as empresas que têm dívidas e querem refinanciar-se. Além disso, muitas das grandes empresas tecnológicas estão a emitir nova dívida", acrescenta. 

Tal como os investidores, o banco central parte para esta reunião com visibilidade reduzida, devido ao "shutdown" mais longo do país que adiou a recolha e divulgação de informação essencial para avaliar o estado da economia norte-americana e o duplo mandato da Fed: inflação nos 2% e o pleno emprego. Os dados da criação de emprego de outubro vão ser conhecidos em conjunto com os de novembro, mas já depois da reunião que se realiza de 9 a 10 de dezembro.

Os investidores estiveram ainda a reagir à compra da Warner Bros. Discovery pela Netflix por 72 mil milhões de dólares - um negócio histórico que ainda precisa da aprovação do regulador e que vai dar como contrapartida aos acionistas 27,75 dólares por ação em dinheiro, assim como ações da gigante de "streaming". Enquanto as ações da Warner Bros. Discovery aceleraram 6,28% para 26,08 dólares (abaixo do valor pago pela concorrente), as da Netflix caíram 2,89% para 100,24 dólares, numa altura em que se sabe que a empresa vai pedir emprestado 59 mil milhões para conseguir avançar com o negócio. 

Entre as restantes principais movimentações de mercado, a HP perdeu 0,66%, após ter previsto que as vendas do seu primeiro trimestre fiscal vão ficar abaixo das estimativas dos analistas, devido a um desaceleramento nas receitas com inteligência artificial. Já a Oklo caiu 6,25%, depois de a empresa de tecnologia nuclear ter revelado um plano de venda de ações na ordem dos 1,5 mil milhões.