Católica melhora previsões para a economia portuguesa mas ainda admite contração este ano

A Católica antecipa no seu cenário central que o PIB de Portugal vai crescer 1% em 2021, recuperando apenas uma pequena parcela da quebra histórica de 7,6% sofrida no ano passado.
Nuno Fonseca
Nuno Carregueiro e João Ruas Marques 14 de Abril de 2021 às 12:09

A economia portuguesa deverá registar este ano um desempenho mais favorável do que o antecipado em janeiro, mas o cenário de uma nova contração não está colocado de parte, sobretudo devido ao impacto no confinamento no primeiro trimetre.

 

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A conclusão é da Universidade Católica, que atualizou esta quarta-feira as suas projeções para a economia portuguesa, de perspetivas menos negativas, mais ainda assim rodeadas de incertezas.

 

A Católica Lisbon Forecasting Lab | NECEP, integrado na Faculdade de Economia da Universidade Católica Portuguesa, antecipa no seu cenário central que o produto nacional vai crescer 1% em 2021, recuperando apenas uma pequena parcela da quebra histórica de 7,6% sofrida no ano passado.

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"A razão principal para esta revisão é a nova informação do INE sobre as contas nacionais de 2020, com uma contração do PIB inferior ao anteriormente previsto, e ainda por a estimativa da contração do PIB no 1º trimestre estar próxima do limiar superior das simulações anteriores do NECEP", explicam os economistas do instituto.

 

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Nas estimativas publicadas a 20 de janeiro, quando o país confinava devido à pandemia, a Católica apontava para uma contração de 2% no PIB. Este valor é correspondente com o pior cenário que agora se coloca. Já o cenário otimista aponta para uma expansão de 4% em 2021.

 

A Católica salienta que a "incerteza das previsões é muito elevada" e ressalva que a "hipótese de crescimento mais forte não pode ser excluída à partida", apontando o exemplo do terceiro trimestre do ano passado, que "ilustra bem a possibilidade de uma recuperação rápida quando se aliviam as medidas de confinamento".

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No que diz respeito ao primeiro trimestre deste ano, período em que Portugal esteve em confinamento, a Católica estima agora uma contração de 5% em cadeia ou cerca de 7% na variação homóloga.

 

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Também nesta estimativa para o primeiro trimestre existe "bastante incerteza" dado que "alguns indicadores, como a produção industrial ou as vendas de cimento, sugerem quebras relativamente pequenas, enquanto outros, como as operações na rede Multibanco, as vendas de combustíveis ou o volume de negócios nos serviços, apontam para quebras substantivas".

Católica melhora previsões para a economia portuguesa mas ainda admite contração este ano

  

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Poupanças atrasam crescimento

O NECEP alerta ainda para o reforço das poupanças e depósitos bancários – "um fenómeno com uma natureza diferente da observada em crises anteriores", cujo regresso "aos níveis normais poderá ajudar à recuperação do consumo privado e da atividade económica quando os confinamentos terminarem de forma definitiva".

Com o fim da pandemia e o regresso dos hábitos de despesa, a situação deve normalizar e originar um crescimento superior em 2022, ano para o qual está previsto um crescimento de 4,5%, diretamente relacionado com "a baixa probabilidade de confinamento". O ano de 2023 deve também ser de crescimento, mas mais desacelerado, na ordem dos 3,5%.

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Comparativamente a outros modelos de previsão, o do NECEP considera que "o ambiente político, mediático e social é favorável a confinamentos severos caso se vislumbre uma deterioração significativa nos indicadores sanitários diários da pandemia", pelo que prevê um comportamento mais conservador por parte das famílias na área das poupanças.

Para isso contribui ainda a evolução do desemprego no país, que o organismo da Universidade Católica vê subir este ano para valores em torno dos 7,6%.

Também as moratórias podem estar a condicionar a despesa das famílias. Enquanto "no curto prazo têm ajudado a mitigar o choque do confinamento ao reduzir as necessidades de tesouraria das empresas, permitindo também aliviar os orçamentos de muitas famílias", a médio prazo "podem tornar-se num risco de crédito que pesará no balanço das instituições financeiras e também na despesa pública por via das garantias assumidas pelo Estado".

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Portugal é dos países mais expostos ao fim das moratórias, já que os montantes adiados correspondem a cerca de 25% do PIB.

(Notícia atualizada às 13:10)

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