Fórum para a Competitividade admite subida do PIB acima de 2%

Apesar de prever abrandamento no segundo trimestre e admitir incerteza sobre juros e Orçamento do Estado na segunda metade do ano, fórum vê condições para ultrapassar as previsões mais optimistas.
Terreiro do Paço, Praça do Comércio, Lisboa
Pedro Simões
Maria Caetano 03 de Julho de 2024 às 12:41

O Fórum para a Competitividade, que reúne as principais organizações empresariais em Portugal, está mais pessimista quanto ao andamento da economia e mostra-se preocupado com o desenrolar da segunda metade do ano, mas admite ainda assim que a taxa de crescimento anual do PIB possa superar os 2%, ficando acima daquelas que são atualmente as previsões mais otimistas para a economia portuguesa.

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Na nota de conjuntura de junho do gabinete de estudos do Fórum, antecipa-se um ligeiro abrandamento da economia no segundo trimestre face aos 0,8% de crescimento real do PIB em cadeia verificado nos primeiros três meses do ano. Ainda assim, a subida não deverá ser inferior a 0,5%, de acordo com o intervalo da previsão. A taxa de variação homóloga deverá situar-se entre os 1,9% e os 2,2%, indica a publicação.

O gabinete de estudos dirigido pelo economista Pedro Braz Teixeira admite que a segunda metade do ano "tem menores condições de melhoria". Apesar disso, "o primeiro semestre deverá terminar com um crescimento homólogo já próximo dos 2%, criando condições para uma variação anual acima daquele valor". Segundo o Fórum, "os consumidores terão antecipado parte dos benefícios das descidas de taxas de juro pelo BCE, ainda antes de estas se concretizarem".

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Para a descida de expectativas quanto ao andamento do segundo semestre contará a incerteza associada à atuação do Banco Central Europeu ao longo dos próximos meses. Refere-se que "as condições para novos alívios monetários têm vindo a enfraquecer, pelo que o estímulo que se esperava desse lado deverá ser menor, quer em Portugal, quer no resto da Zona Euro".

Por outro lado, há ainda "uma elevada incerteza" sobre o Orçamento do Estado para 2025, com o Fórum para a Competitividade a antecipar "tensões políticas significativas, com potencial para ter um impacto visível sobre a economia". 

"A proposta original até pode vir a ser aprovada na generalidade, para depois ser desfigurada na especialidade", refere a nota, lembrando que "neste orçamento regressam as regras orçamentais europeias, o que poderá constituir um travão importante à capacidade da oposição de adulterar a versão inicial". "No entanto, não é claro que existam os mecanismos institucionais suficientes para isso, e ainda menos que a sua aplicação seja eficaz", alerta.

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O Fórum considera que isso "poderá colocar o governo num dilema muito difícil: ou aceita governar com um orçamento desvirtuado ou apresenta a demissão". 

Somam-se a estes fatores, os riscos políticos da cena internacional, com França e Estados Unidos como preocupações centrais. O desfecho eleitoral em França poderá " gerar um parlamento com dificuldade em formar um governo ou com uma extrema-direita pouco cooperativa com a UE, podendo conduzir a uma paralisia comunitária". Já a possibilidade de eleição de Donald Trump em novembro arrisca trazer, por um lado,"o aprofundamento de um conflito comercial e, por outro, a redução do apoio à NATO e à Ucrânia, deixando uma fatura muito significativa nas mãos dos europeus".

Até dezembro, o Fórum perspetiva "sombras políticas extensas, que poderão arrefecer o desempenho económico de Portugal".

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