Fitch mais otimista para 2023 mas diz que efeitos do aperto monetário vão sentir-se em 2024
A agência de rating Fitch reviu em alta a estimativa de crescimento da economia da Zona Euro de 0,2% para 0,8% este ano. Mas baixou a de 2024. Efeitos do aperto monetário vão sentir-se no próximo ano, considera.
A agência de notação financeira Fitch está mais otimista para o crescimento económico este ano, esperando agora que a economia da Zona Euro descole da estagnação este ano, ao subir 0,8% e não 0,2% conforme estimava anteriormente. A tendência é semelhante para os Estados Unidos, a China e a economia global.
"Esperamos agora que a economia mundial cresça 2% este ano, uma revisão em alta face aos 1,4% estimados em dezembro. Subimos a previsão para a China para 5,2% face aos 4,1% anteriores, da Zona Euro para 0,8% face aos 0,2% e dos Estados Unidos para 1% face aos 0,2% esperados anteriormente", lê-se no 'Global Economic Outlook', divulgado nesta segunda-feira, 13 de março, pela Fitch.
No entanto, a agência 'rating' norte-americana reviu em baixa o crescimento económico de 2024 para "refletir os efeitos das subidas acentuadas das taxas de juro pela Fed e pelo BCE".
Pelo lado positivo, a crise energética europeia melhorou de forma acentuada nos meses recentes, com a oferta de gás a aguentar-se, os inventários a melhorar e os preços de venda a diminuírem de forma drástica. "Isto está a apoiar as perspetivas de crescimento da Zona Euro e a diminuir as pressões inflacionistas", destaca a Fitch.
"O preço da energia e os choques do lado da oferta penalizaram menos a economia do que o esperado, mas os efeitos do aperto monetário estão a acumular-se", considera a agência. Em resultado, a Fitch subiu a sua estimativa em 0,6 pontos percentuais em 2023, mas diminui em 0,4 pontos a de 2024, para 1,4%.
Depois de a economia dos 20 países da moeda única ter escapado a uma contração no final de 2022, a Fitch considera que "uma contração do PIB no primeiro trimestre de 2023 [também] pode ser evitada".
Embora a taxa de inflação geral esteja a abrandar, a agência de 'rating' sublinha que a inflação subjacente (a que retira os produtos energéticos e alimentares, mais voláteis, e por isso considerada mais crítica) acelerou para 5,6% em fevereiro. "Mercados de trabalho historicamente rígidos vão manter a pressão na inflação subjacente e a inflação salarial deve aumentar à medida que novas rondas de negociação salarial comecem a substituir acordos antigos", consideram.
A Fitch antecipa que o Banco Central Europeu (BCE) aumente as taxas de juro em mais 100 pontos base (1 ponto percentual), a começar por 50 pontos base já na reunião da próxima quinta-feira. A agência espera que a subida de preços abrande para 4,3% este ano (depois dos 9,2% de 2022) e para 2,4% em 2024 - ainda acima do objetivo de médio prazo do BCE.
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